Como se dá a formação do paladar no Brasil? Quais as dimensões individuais e coletivas que o influenciam? Como se processa a memória afetiva na alimentação do consumidor? Essas perguntas guiaram uma pesquisa inédita da Nestlé, que busca compreender a relação do brasileiro com a sua alimentação para se conectar melhor com os consumidores de seus produtos.
Em parceria com a Inesplorato, instituto de pesquisa, e a Firmenich, empresa do ramo de fragrâncias e aromas, a Nestlé apresentou o resultado da pesquisa na segunda-feira, 29, em sua sede em São Paulo. Em uma primeira etapa, 70 pesquisadores foram às residências de 66 consumidores de todo o país para entrevistá-los sobre seus hábitos alimentares, examinar suas despensas e geladeiras e tentar entender como foi a formação de seus paladares.
Como conclusão, o estudo mostrou que a conexão com consumidor está diretamente relacionada à estimulação dos afetos durante a alimentação. Os achados mostram ainda como é a formação do paladar, os fatores que impactam (como cultura, modo de vida e origem) a relação com a comida, como se constrói a memória afetiva, a evolução do paladar nas diferentes fases da vida.
Em um dos depoimentos, o chef Rivandro França, de Pernambuco, conta que o modo de fazer um de seus pratos, com bagaço de milho sobre um prato envolvido em uma trouxa, se transformaram em gatilhos para alguns de seus clientes. “Uma senhora lembrou da marmita que a mãe fazia, envolta em um pano e amarrada como uma trouxa”, explicou ele numa gravação.
“O estudo tem um olhar antropológico mesmo”, disse a VEJA Raquel Albernaz, diretora de consumo da Nestlé Brasil. “De fazer os colaboradores da Nestlé irem as casas das pessoas terem uma conexão genuína com o consumidor para entender o que essas pessoas sentem, como elas vivem, que sonhos elas têm, que dificuldades elas têm no dia a dia. É um olhar para o contexto social onde essas pessoas estão inseridas e menos uma questão de querer fazer perguntas sobre as nossas marcas.”
Nesse contexto, a ideia da empresa é criar novas formas de trabalhar os produtos para o consumidor. Ou seja, atuar nas narrativas que ajudam a reinterpretar os alimentos ao longo do tempo, ampliando os significados que os consumidores identificam na relação com os produtos.
“A gente tem muito dado na mão mas eu acho que a qualificação desse dado entender o que está por trás é que vai trazer riqueza pra gente poder conectar isso melhor no negócio, tomar ações, entender que importância isso tem para as pessoas de fato”, diz Albernaz.