Nua, mas não pelada: a polêmica moda que cria ilusões de ótica do corpo
Chamada de trompe-l’oeil, estética bebe do surrealismo e imita contornos e formatos de seios e bumbum
Em tempos em que o real se confunde com o virtual, e o digital toma proporções gigantescas, uma tendência de moda volta a ganhar força entre fashionistas e celebridades: o trompe-l’oeil (em português, engana os olhos), técnica de estamparia que proporciona um efeito visual tridimensional à roupa e cria ilusões de ótica.
Trata-se de uma estética que essencialmente imita a silhueta do corpo humano, criando ilusões de ótica sobre os contornos e formatos de seios, bumbum, abdômen e até ondas de calor. Cada vez mais realistas e de altíssima definição, graças aos avanços das tecnologias de estamparia, são capazes, inclusive, de enganar não só os olhos, mas os próprios algoritmos das redes sociais, que programados para censurar a nudez e os mamilos femininos, por exemplo, impedem a publicação dos tais looks, dada a semelhança. Outras vezes, porém, eles conseguem passar incólumes pela “censura”, permitindo que estrelas como Anitta, Camila Queiroz e Bruna Marquezine emplaquem seus os seios em seus feeds “mostrando tudo.”
Real, Irreal e Surreal
Da turma fashionista, o apreço por essas peças bebe de outras fontes. O universo revolucionário da estilista italiana Elsa Schiaparelli, que usava e abusava de recursos desse tipo como parte de sua criação surrealista é uma inspiração. Assim como o trabalho do francês Jean Paul Gautier, maior responsável pela popularização do trompe-l’oeil nos anos 1990, com seus lendários modelitos que não só imitavam os formatos do corpo de esculturas gregas e simulavam a própria roupa com linhas de diferentes diâmetros para contornar a silhueta humana, mas explorava desenhos geométricos e coloridos que remetiam às ondas de calor. É dele também a icônica coleção inspirada na obra do pintor húngaro Victor Vasarely, um dos grandes nomes da Op Art.
Recentemente, Gautier voltou às raízes e criou duas controversas coleções de trompe-l’oeil: uma com a influenciadora Lotta Volkova, em que os vestidos imitavam os naked dress e pareciam trazer a mulher completamente nuas, e agora com o designer Glenn Martens para a coleção de inverno 2023 da Y/Project, inspiradas em seu próprio trabalho de 1996, “Trompe L’œil Statue”, ressaltando a nudez das estátuas gregas femininas.
Mas Gautier não é o único a aderir à polêmica tendência. O badalado Jonathan Anderson, da Loewe, foi outro que trouxe essas peças com ilusão de ótica em sua passarela masculina, assim como a Syndical Chamber, de Barcelona, que ao criar estampas realistas do corpo humano, virou favorita entre brasileiras como Iza e a própria Anitta. Na linha realidade virtual, a britânica Forbidden Knowledge conquistou Kylie Jenner e Cardi B com sua estética futurista.
Controvérsias à parte, a trompe-l’oeil não deixa de ser um manifesto feminino. Sob a ideia de que as mulheres podem fazer escolher o que fazer com seus próprios corpos, incluindo mostrá-los quando, onde, como e para quem bem entenderem, mesmo que não seja do jeito literal, é um movimento de coragem e ousadia. É claro que na era dos nudes, também existe um quê de exibicionismo e marketing para quem busca plateia. Mas entre uma coisa ou outra, a ideia é se vestir para mostrar algo – ou não. E aí, é você quem decide.
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