A Semana de Moda de Paris foi encerrada nesta terça-feira 4, com uma bela apresentação da Louis Vuitton de Nicolas Ghesquière, em um desfile cheio de maximalismo, que aposta na desconstrução dos códigos tradicionalmente associados ao feminino. No entanto, foi outro fashion show, que na direção contrária, se tornou viral: o da marca parisiense Coperni, que na noite da última sexta-feira 30, trouxe elementos para causar um verdadeiro alvoroço na internet: a top model Bella Hadid quase nua e um vestido construído em seu corpo em plena passarela.
A nostalgia dos anos 1990 também ajudou, mas nada que tirasse o foco da impressionante cena realizada ali: por cerca de nove minutos, os fashionistas assistiram um vestido branco, ombro a ombro, sendo “borrifado” no corpo da modelo. A substância – um tecido patenteado em spray desenvolvido por uma empresa chamada Fabrican, com sede em Londres – lembrava teias de aranha, até que as camadas fibrosas engrossaram, secando instantaneamente e “mumificando” o vestido, que nas imagens parecia uma espécie de seda ou algodão, mas ao toque, era macio e elástico, como uma esponja.
Este ano, a Coperni, que homenageia o matemático e astrônomo renascentista Nicolau Copérnico, fez jus ao nome. Fundada em 2013, com a proposta de fundir ciência, artesanato e moda, virou centro das atenções no início do ano quando sua bolsa de vidro soprado à mão, à venda por 2.700 euros, foi carregada por Doja Cat no tapete vermelho do Grammy Awards. “Sou um pouco geek”, disse Sébastien Meyer, o diretor criativo da grife.
Agora, ganha todas as manchetes com o vestido de Hadid, que apesar de não ser exatamente vendável – a não ser que a pessoa tenha exatamente as mesmas medidas da modelo – já está no inconsciente das pessoas. De acordo com o presidente-executivo da Coperni, Arnaud Vaillant, o vestido pode ser pendurado e lavado, ou colocado de volta na garrafa de sua solução original para se regenerar, mas a Coperni já avisou que planeja exibi-lo como uma peça de museu em seu showroom.
O objetivo, no entanto, foi alcançado: mostrar o drama de sua criação, alinhado com a rica tradição da moda ao vivo na passarela. Só lembrar do desfile de primavera de Alexander McQueen, em 1999, quando dois robôs pintaram com spray um vestido usado por Shalom Harlow. Vaillant, no entanto, disse que essa cena não era uma homenagem a McQueen. Em vez de robôs, era o inventor espanhol Manel Torres e um membro de sua equipe Fabrican pulverizando Hadid enquanto ela se mantinha parada em um pequeno palco iluminado no meio da passarela. “É totalmente diferente”, afirmou presidente-executivo. Mas não importa, o efeito é parecido. E a imagem, de qualquer forma, é inesquecível.