Violência contra a mulher tem debate ampliado
Instituto Maria da Penha realiza o primeiro fórum nacional sobre o tema
Líder ativista feminista, a farmacêutica cearense Maria da Penha transformou-se em símbolo contra a violência da mulher, em 1983, quando denunciou o marido, por duas tentativas de homicídio. A primeira foi com um tiro nas costas, que a deixou paraplégica. Ao transformar a própria dor em luta por justiça, a cearense deu voz a outras brasileiras, que se calavam diante do medo e da vergonha. Em 2022, 18 milhões de mulheres entraram para as estatísticas que registram algum tipo de agressão, da psicológica ao feminicídio. Trazer à tona a realidade é a melhor forma de envolver as esferas públicas e conscientizar vítimas da necessidade de procurar ajuda antes da escalada da violência acabar em feminicídio. Com o objetivo de aumentar a discussão entre diversas esferas da sociedade, o Instituto Maria da Penha promove o primeiro Fórum Brasileiro de Enfrentamento à Violência Doméstica (FBEVD), nos dias 20 e 21 de novembro, em Fortaleza. Mais informações sobre o evento, clique aqui.
O encontro também tem o objetivo de divulgar e debater a Lei Maria da Penha (nº 11.340), publicada em 2006, cujo objetivo é dispor sobre medidas protetivas de urgência, estabelecer a motivação da violência assim como a medida de punição adequado ao agressor. Os organizadores pretendem analisar também a influência que possui nos mais variados extratos da população e discutir dados estatísticos, a partir de recortes de raça, etnia, gerações e territórios. “O Fórum amplia ainda mais a atuação do IMP, que já conta com diversas inciativas educacionais e preventivas contra a violência doméstica e familiar”, diz Rose Marques, coordenadora do projeto. Ela se refere, por exemplo, a cursos de capaciatção, workshops, consultorias para empresas, programas pedagógicos e atendimento online de voluntárias de orientação e apoio às vítimas.
Os vínculos afetivos com o agressor dificultam a denúncia junto às autoridades, principal caminho para colocar um ponto final no ciclo de violência, que podem se arrastar por anos. Três de cada dez mulheres são agredidas fisicamente e sexualmente pelos parceiros, de acordo com os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e do Datafolha.
Apesar de o número de brasileiras vitimizadas ser impactante, maior do que o total de moradores da capital paulistana, os dados mostram que esse tipo de violência vem caindo. Graças ao trabalho longo e incansável de conscientização de organizações como o IMP, a sociedade aos poucos está mudando. Atualmente as redes sociais funcionam como instrumento educativos, com vídeos que mostram alguém interferindo em situações de agressão contra uma mulher. Estratégias como essa ajuda a enterrar a máxima de que briga de marido e mulher ninguém mete a colher.