’13 Reasons Why’ teve até terapia no set
Devin Druid, que interpreta o fotógrafo nerd Tyler na série da Netflix, diz que foi difícil filmar a história da adolescente que se suicida
Na comentadíssima série 13 Reasons Why, da Netflix, em que a adolescente Hannah se suicida e deixa vídeos sobre os atos de doze colegas (um aparece duas vezes) que a levaram a tirar a própria vida, o jovem ator americano Devin Druid, 19 anos, interpreta um dos “culpados”, o fotógrafo Tyler. Atenção, spoiler: típico nerd, tímido e desajeitado, Tyler é apaixonado por Hannah e a fotografa sem parar, secretamente, o que lhe causa uma série de problemas. Nesta entrevista exclusiva ao site de VEJA, Druid fala sobre seu papel e sobre as chances de a série ter uma segunda temporada.
Os atores da série são todos muito jovens. Houve alguma preparação especial para papéis tão carregados de angústia? Sim, a produção colocou conselheiros e terapeutas à nossa disposição. Tinha até cães treinados em confortar pessoas presentes no set nas cenas mais pesadas. O espaço de tempo entre o convite e o começo da gravação foi bem curto, então o processo de aprendizagem aconteceu durante a filmagem. Eu, por exemplo, pedi ajuda a uma amiga fotógrafa, que passou um dia inteiro me ensinando a lidar com a câmera.
Qual foi a cena mais difícil? Do ponto de vista técnico, há uma cena de baile que precisou ser gravada muitas vezes. O cenário era complexo, tinha muitos elementos e tramas diferentes acontecendo, centenas de crianças. Foi bem complicado. Agora, a minha cena mais complicada foi o momento em que Tyler é confrontado na sala escura de revelação de fotos e começa a entender seu papel no suicídio de Hannah. Demorei muito para alcançar a interpretação correta naquele dia.
Você já sofreu bullying? Muitas vezes. Minha família era pobre e eu estudava em uma escola de ricos. As outras crianças me cercavam nos corredores, me insultavam, me davam apelidos. Eu me sentia isolado, sem amigos. Foi um período muito duro.
A experiência ajudou na hora de interpretar Tyler? Eu sempre transfiro experiências pessoais para os meus papéis. Sou muito ansioso e tenho os hábitos típicos, como roer as unhas e apertar as mãos fechadas. Vi que isso funcionava bem no Tyler e usei em cena.
Vem aí uma segunda temporada? Não sei, mas espero que sim. O enredo certamente permite isso. A série acabou sendo uma plataforma eficiente para expor doenças mentais, agressões sexuais, estupro, suicídio, problemas com os quais muitas pessoas lidam todos os dias e que precisam ser discutidos. Acho que devemos insistir nestes temas e talvez acrescentar outros, ainda mais problemáticos, dando seguimento à história dos personagens. O destino de Tyler, por exemplo, ficou em aberto no último episódio.