Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

A guerra insana do governador da Flórida contra a Disney

Em meio à polarização americana, empresa é criticada pela esquerda e trava batalha judicial com político ultraconservador

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h48 - Publicado em 29 abr 2023, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Em 1965, um ano antes de sua morte, o visionário do entretenimento Walt Disney anunciou um ambicioso plano batizado de “Projeto Flórida”: um parque de diversões no estado do sudeste dos Estados Unidos, onde o sol predomina e o turismo é intenso. Expansão da Disneyland, primeiro parque do grupo, na Califórnia — que desde 1955 se vendia como “o lugar mais feliz do mundo” —, o empreendimento vinha em boa hora: os americanos careciam de escapismo. Polarizado, o país se dividia sobre a deflagração da guerra contra o Vietnã — enquanto testemunhava em seu território o horror da segregação dos negros, que ainda brigavam por direitos civis. Quando o complexo Walt Disney World abriu, em 1971, na cidade de Orlando, a promessa era de união: “Um reino mágico onde pessoas de todas as idades podem se divertir juntas”, anunciou Roy O. Disney, irmão de Walt. Cinco décadas depois, o lema agora é posto em xeque: o gigante do entretenimento mundial caiu na malha fina da nova polarização política, sendo atacado pela direita e pela esquerda — enquanto seu Reino Mágico na Flórida virou uma trincheira da discórdia.

    A Portrait of Walt Disney World

    Cobrada a abraçar pautas progressistas, a Disney vem inserindo paulatinamente inovações em seus filmes: faz pouco tempo que príncipes deixaram de ser os salvadores de princesas em perigo — enquanto personagens LGBTQIA+ estrearam discretamente em cena. O primeiro protagonista abertamente gay numa animação do estúdio só foi apresentado em 2022, em Mundo Estranho. No mesmo ano, Lightyear, da Pixar (uma das marcas sob o guarda-chuva Disney, ao lado de Marvel e Star Wars), entregou seu primeiro beijo gay. A rápida cena entre duas mulheres chegou a ser autocensurada pela Disney, mas entrou no corte final por pressão interna — e virou uma resposta aos excessos do governador da Flórida, Ron DeSantis.

    RADICAL - DeSantis: agenda eleitoreira com “limpeza cultural”
    RADICAL – DeSantis: agenda eleitoreira com “limpeza cultural” (Scott Olson/Getty Images)

    Ultraconservador, o político chamado de “novo Donald Trump” mira ser o próximo candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos. Para tanto, investe na “guerra cultural” contra políticas liberais — e se tornou a nêmesis da Disney ao eleger a empresa como alvo de sua marquetagem radical. Encurralada pelos funcionários, a Disney interrompeu doações a DeSantis na esteira da infame lei criada por ele: apelidada de “Don’t Say Gay” (não diga gay, em português), a medida criminaliza escolas que tratem temas sobre questões de gênero para crianças. Em represália ao corte, o governador iniciou um bombardeio ao resort que emprega 75 000 pessoas e atrai 50 milhões de turistas anualmente.

    Continua após a publicidade

    The Story of Disney: 100 Years of Wonder

    No momento, DeSantis empreende uma cruzada para limitar o poder da Disney sobre os 10 000 hectares do complexo. Seu governo retomou o controle do conselho que aprova questões fiscais e projetos de expansão dos parques. Na quarta-feira 26, fez sua investida mais audaciosa: seus representantes no conselho anularam decretos que garantiam a autonomia administrativa da empresa. Em resposta, a Disney entrou com um processo na Justiça contra DeSantis e seus indicados, denunciando-os por promover uma “campanha direcionada de retaliação política”.

    PRESSÃO - Protesto LGBT: funcionários exigem da Disney oposição a DeSantis
    PRESSÃO - Protesto LGBT: funcionários exigem da Disney oposição a DeSantis (Irfan Khan/Los Angeles Times/Getty Images)

    Walt Disney: O triunfo da imaginação americana

    Continua após a publicidade

    Embora acusada de ostentar privilégios, a Disney não só paga impostos na casa do bilhão como banca a administração estrutural da região — e os gastos recairiam sobre a Flórida. Bob Iger, CEO da companhia, chamou o governador de anticapitalista, e com razão: DeSantis dificultou uma expansão do parque com investimento de 17 bilhões de dólares e criação de milhares de empregos. A disputa está longe do fim, mas a Disney é resiliente: no ano passado, sua divisão de parques cresceu 73%, batendo 28,7 bilhões de dólares. O Reino Mágico está sob ataque, mas tem munição para reagir.

    Publicado em VEJA de 3 de maio de 2023, edição nº 2839

    CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

    A guerra insana do governador da Flórida contra a DisneyA guerra insana do governador da Flórida contra a Disney
    A Portrait of Walt Disney World
    A guerra insana do governador da Flórida contra a DisneyA guerra insana do governador da Flórida contra a Disney
    The Story of Disney: 100 Years of Wonder
    A guerra insana do governador da Flórida contra a DisneyA guerra insana do governador da Flórida contra a Disney
    Walt Disney: O triunfo da imaginação americana
    logo-veja-amazon-loja

    *A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.