A invasão dos leilões de arte por curadores pop como Robert Pattinson
O inglês engrossa uma tendência em alta no mercado: o uso de rostos famosos para atrair mais jovens
Poucos atores marcaram tanto o universo jovem nos últimos anos como Robert Pattinson. Antes da popularidade estrondosa na pele do vampiro Edward Cullen, da saga Crepúsculo, o inglês despontou no cinema como o querido Cedrico Diggory, oponente de Harry Potter no torneio de bruxos de O Cálice de Fogo. Anos depois, reinventou-se no cinema independente, até voltar recentemente aos arrasa-quarteirões como o herói-morcego do sombrio The Batman. Mas seu trabalho mais recente se dá fora das telas. Ou melhor, em um tipo diferente de tela: em setembro, Robert foi escolhido como curador convidado de um tradicional leilão de arte contemporânea da Sotheby’s, uma das maiores casas de leilão do mundo.
Popular entre os jovens, o ator foi parte de uma estratégia da respeitável casa leiloeira para atrair ao mercado de arte uma nova geração de potenciais compradores. Antes dele, nomes como Oprah Winfrey, a cantora Ellie Goulding, a ex-spice girl Victoria Beckham e o baterista da banda The Strokes, Fabrizio Moretti, também firmaram parcerias com a Sotheby’s.
O uso de celebridades como padrinhos da arte faz efeito: a venda do lote com a grife de Pattinson arrecadou 35 milhões de dólares em Nova York na sexta-feira 30. Responsável por selecionar apenas seis das 186 peças disponibilizadas ao público, o ator viu uma de suas escolhas ser a recordista da noite. Um quadro de 1964 de Willem de Kooning descrito por ele como “sensual e saboroso” foi arrematado por 4,1 milhões de dólares, quase o dobro da estimativa, que era de 2,5 milhões. “Procuro peças que tenham sua própria linguagem”, proclamou o curador pop. A idade do comprador não foi divulgada. Mas a parceria de 2019 do roqueiro dos Strokes com a mesma Sotheby’s deu pistas do impacto geracional da ideia: na ocasião, 25% dos participantes do leilão de arte dos velhos mestres com sua marca tinha menos de 40 anos.
Fora do universo das grandes galerias, um nome conhecido no cenário musical tem se destacado como patrono das artes. O jovem RM, do fenômeno sul-coreano BTS, está rodando o mundo em busca de peças para sua coleção particular. Ativo nas redes sociais, ele compartilha suas aquisições e visitas a galerias e museus com seus 38 milhões de seguidores, que procuram conhecer as instituições e os artistas preferidos do ídolo. O impacto do cantor na divulgação da arte, especialmente sul-coreana, já foi reconhecido: em 2020, o conselho artístico da Coreia do Sul nomeou RM como patrocinador do ano após uma doação equivalente a 366 000 reais a um museu do país. Com padrinhos famosos assim, a arte e os jovens só têm a ganhar.
Publicado em VEJA de 12 de outubro de 2022, edição nº 2810
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