Em 2019, Dakota Johnson leu o roteiro de A Filha Perdida, adaptação escrita por Maggie Gyllenhaal do livro de mesmo nome da autora Elena Ferrante, e ficou impressionada. Ela decidiu que tentaria o papel de Nina, a jovem mãe que vira objeto de obsessão de Leda (Olivia Colman) durante uma viagem à Grécia. A princípio, Gyllenhaal hesitou. A diretora, roteirista e atriz nunca havia assistido a nenhum filme da saga Cinquenta Tons de Cinza, trilogia erótica deveras vergonhosa que deixou Dakota famosa no mundo. A cineasta topou uma conversa com a atriz, e logo mudou de ideia. “Em cinco minutos, estávamos falando sobre as partes mais íntimas e vulneráveis de sermos nós mesmas, sermos mulheres no mundo e por dentro”, contou Gyllenhaal em entrevista ao The Hollywood Reporter.
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O drama de cores indie não foi uma escolha aleatória da atriz. Segundo ela, esse é o tipo de filme que a interessa — enquanto a saga erótica inspirada nos livros de E.L. James foi, por assim dizer, um desvio de percurso. A moça, porém, não é ingrata. Mesmo que Cinquenta Tons de Cinza seja um entretenimento barato, ao mostrar a saga da moça virgem que se envolve com um bilionário sadomasoquista em roteiros sofríveis, Dakota não se arrepende do trabalho. “Sinto que não fiquei marcada pelo papel. Eu poderia, porém, ter seguido uma carreira diferente desde então, mas não era o que eu queria”, disse a atriz que vem buscando adicionar ao seu currículo filmes com mais tutano.
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O desejo de atuar começou na infância. Nascida no Texas, Estados Unidos, Dakota Johnson vem de uma família de estrelas de Hollywood. Seu pai, o ator Don Johnson, protagonizou a clássica série dos anos 1980 Miami Vice e sua mãe, Melanie Griffith, possui um robusto histórico no cinema, com destaque para Uma Secretária do Futuro, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Quando Dakota tinha 10 anos, Griffith cedeu aos pedidos da filha e permitiu que ela atuasse a seu lado no longa Loucos do Alabama. “Depois disso, eu não trabalhei até os 18 ou 19 anos”, conta Dakota. “Se dependesse de mim, teria deixado a escola. Mas meus pais queriam que eu completasse minha educação, o que era irônico, porque a primeira metade da minha vida foi viajar, nunca ir à escola e aprender com um tutor.”
Já adulta, seu primeiro papel — apesar de pequeno — foi no sucesso A Rede Social, de 2010, dirigido por David Fincher. Mas só em 2015, com Cinquenta Tons de Cinza, que a fama bateu de fato na porta da atriz. Ao contrário de Maggie Gyllenhaal, o cineasta Luca Guadanino, de Me Chame Pelo Seu Nome, assistiu aos filmes e se encantou por Dakota. Eles se tornaram amigos e a atriz virou uma figurinha carimbada nas produções de Guadadino, desde o drama Um Mergulho no Passado, de 2015 ao remake do clássico do terror italiano Suspiria — ambos com Tilda Swinton no elenco.
Aos 32 anos, Dakota está expandindo sua área de atuação. Há dois anos, ela lançou a produtora TeaTime Pictures ao lado da ex-executiva da Netflix Ro Donnelly. Na lista de produções já constam 25 projetos, incluindo dois filmes finalizados. A veia empreendedora vai além do cinema. Ela é investidora e co-diretora criativa da marca de bem-estar sexual Maude. “Se você gosta de ter um vibrador rosa gigante, todo o poder para você”, disse em entrevista à revista Elle.
Para além dos projetos paralelos, Dakota Johnson não tem planos de deixar a carreira de atriz. Entre seus próximos projetos estão a adaptação de Persuasão, livro homônimo de Jane Austen, na qual será a protagonista, Anne Elliot, e um filme da Amazon Studios dirigido por Augustine Frizzell, que comandou o piloto de Euphoria. Assim, Cinquenta Tons fica cada vez mais no passado da atriz — sorte a dela.
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