A segunda onda da pandemia no Brasil começa a apresentar sinais de alívio
Pela primeira vez desde novembro, o país alcançou, finalmente, uma queda relevante nas mortes por Covid-19
A segunda onda da pandemia do novo coronavírus no Brasil começa a apresentar sinais de alívio — embora ainda seja cedo para celebrações. Pela primeira vez desde novembro, o país alcançou, finalmente, uma queda relevante nas mortes por Covid-19. No sábado 24 de abril, a média de vítimas foi de 2 544 pessoas, variação negativa de 15,7% em relação às duas semanas anteriores. Na mesma data, a média de novos diagnósticos foi de 58 303, número 16,9% inferior em comparação a catorze dias atrás. A taxa é importantíssima. Os epidemiologistas trabalham com redução na casa dos 15% para considerar o movimento de queda consistente. Outro indicador do recuo da pandemia é a taxa de transmissão da doença. O mais recente levantamento do Imperial College, de Londres, mostrou que o país conseguiu, depois de cinco meses, reduzir o índice para abaixo de 1. Estava, na quarta-feira 28, em 0,93, considerado de desaceleração. O número indica para quantas pessoas cada infectado transmite o vírus.
Em paralelo, os primeiros impactos da vacinação contra a Covid-19 já aparecem. A proporção de pacientes com mais de 70 anos internados em leitos de UTI caiu de 47%, no início de janeiro, para 28%, em meados de abril, de acordo com dados do Boletim Observatório Covid-19. Na comparação da penúltima semana de janeiro, quando a aplicação das doses começou, com a primeira semana de abril, houve entre as pessoas com mais de 90 anos de idade uma redução de 17% no número de novos diagnósticos semanais e de 26% nos óbitos. Pode-se dizer, enfim, que a epidemia dá indícios de uma temporada mais calma, o que não pressupõe esquecer a lastimável tragédia e tampouco abandonar os cuidados extremos de prevenção. O uso de máscaras e o distanciamento social são compulsórios. E não custa lembrar que os números ainda estão altíssimos — são cerca de 2 400 novas mortes e mais de 56 000 casos todos os dias — e qualquer descuido pode fazer inverter a curva de otimismo.
Publicado em VEJA de 5 de maio de 2021, edição nº 2736