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A violenta história da mulher citada por Oprah no Globo de Ouro

Recy Taylor foi sequestrada e estuprada por seis homens logo após sair da igreja

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h29 - Publicado em 9 jan 2018, 12h07

Em seu discurso no Globo de Ouro, Oprah Winfrey relembrou rapidamente a história de Recy Taylor. “Ela procurou justiça em uma época que não havia justiça. Recy viveu em uma cultura de homens brutais e poderosos. Mas o tempo dessas pessoas brutais acabou”, disse a apresentadora, após convidar os ouvintes a pesquisarem sobre a história de Recy.

No dia 3 de setembro de 1944, Recy, aos 24 anos, voltava para casa após um culto na igreja pentecostal Rock Hill Holiness. Ela foi abordada por seis homens brancos e armados, que a sequestraram e a estupraram. O motorista do veículo, que não participou da violência sexual, delatou os demais. Quando os acusados foram levados à delegacia, disseram que tinham pago para ter relações sexuais com a mulher, que ela era uma prostituta. Em seguida, foram liberados.

Recy Taylor
Em 1944, Recy Taylor foi seqüestrada e estuprada por seis homens brancos enquanto caminhava para casa da igreja em Abbeville, Alabama (Tamiment Library/New York University/Reprodução)

Recy passou a sofrer ameaças. Ela, o marido e a filha se mudaram para a casa do pai, que passava a noite acordado, armado, na varanda, e só dormia quando todos acordavam.

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Na época, no sul dos Estados Unidos, vigorava o conjunto de leis segregacionistas dos estados locais, apelidado de “Jim Crow” — no qual negros eram considerados uma subespécie e deveriam até se sentar separados em ônibus, cinemas, restaurantes, entre outros estabelecimentos.

O crime ganhou visibilidade e foi um dos pontos catalisadores para o início do movimento pelos direitos civis dos negros. O caso foi abraçado pela jovem ativista Rosa Parks, da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (N.A.A.C.P. na sigla em inglês) – Rosa, mais tarde, ficaria famosa por ser a mulher negra que se recusou a ceder um lugar no ônibus a um homem branco, em Montgomery.

A pressão levou os suspeitos a serem levados ao tribunal. Analisados por dois juris formados por homens brancos, os criminosos não foram indiciados, apesar de um deles ter confessado o crime.

Em 2010, o caso ganhou nova atenção com o livro At the Dark End of the Street: Black Women, Rape, and Resistance (Ao Fim da Rua Escura: Mulheres Negras, Estupro e Resistência, em tradução literal), da historiadora Danielle L. McGuire. A publicação rendeu um pedido de perdão oficial à Recy feito pelo estado do Alabama, que chamou o’ caso de “moralmente repugnante”. Em 2017, o documentário The Rape of Recy Taylor (O Estupro de Recy Taylor), premiado no Festival de Veneza, deu à Recy o direito de narrar o crime. Ela morreu três semanas depois do lançamento do filme nos Estados Unidos, em dezembro, aos 97 anos.

No longa, Recy conta que pediu para ser solta pelos agressores, apelando para o fato de ter uma filha de 3 anos, mas só recebeu em resposta que deveria agir como fazia com o marido, para que não fosse morta. “Muitas mulheres foram estupradas. E aquelas pessoas não se mostravam interessadas no que aconteceu comigo. Não tentaram fazer nada sobre o caso. Tudo que eu podia fazer era contar minha verdade”, disse sobre o julgamento.

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