A drag Adore Delano está de passagem pelo Brasil para realizar shows em três cidades. A cantora americana, que ficou conhecida por participar do reality show RuPaul’s Drag Race, está em turnê de divulgação do seu terceiro álbum, Whatever. Em entrevista a VEJA, ela mostra que não desembarcou de pára-quedas no país: ela acompanha a cena musical brasileira. “Eu amo a Pabllo! Nós nos conhecemos na primeira vez que estive no Brasil, há uns dois anos. Ela é um amor.”
Adore é o nome artístico de Danny Noriega, que entrou no reality de drag queens em 2014. A cantora conquistou o terceiro lugar do programa e logo lançou o seu primeiro álbum, Till Death Do Us Party. O segundo disco, After Party, foi lançado em 2016, mesmo ano em que ela participou da segunda edição de RuPaul’s Drag Race: All Stars, competição que reúne os maiores destaques de todas as temporadas.
No Brasil, a cantora se apresenta em São Paulo nesta sexta-feira (3), no Rio de Janeiro no sábado (4) e em Porto Alegre no domingo (5). Apesar se ser a sua quarta visita, esta será a primeira em que ela fará um show completo acompanhada de sua banda, com as músicas dos três álbuns lançados.
Confira a entrevista completa:
Como está sendo fazer a turnê de divulgação do álbum Whatever? O público tem sido receptivo. Eu gosto de mudar o show a cada três meses, então as pessoas sempre podem esperar surpresas nas apresentações. Em turnê, você consegue conhecer muita gente, se apaixonar e desapaixonar, ter experiências de diferentes culturas.
Você tem quase uma legião de fãs no Brasil. Como é a sua relação com eles? O Brasil tem a minha base de fãs favorita. São pessoas muito apaixonadas. Eu interajo com eles, principalmente, pelo Twitter. É a forma mais fácil de me manter conectada com todos, porque consigo lembrar dos rostos e saber quem é cada um que fala comigo.
Você conhece a Pabllo Vittar certo? Vocês pensam em fazer uma música juntas? Sim! Eu amo a Pabllo Vittar! Nós nos conhecemos na primeira vez que estive no Brasil, há uns dois anos. Ela é um amor. Já me perguntaram se eu gostaria de fazer uma música com ela e eu disse que é óbvio que sim, ela é maravilhosa.
Há diversas drags talentosas que não ganham espaço. Estamos progredindo, mas ainda longe de onde precisamos chegar.
Adore Delano, sobre o cenário da música atual
Você parece sempre animada e festeira. Durante a turnê também é assim? Mesmo se eu não tivesse tempo para sair durante a turnê, eu daria um jeito. E com certeza vou aproveitar no Brasil. Existem muitos caras gatos no Brasil, então sempre vou para a balada.
Você sempre foi baladeira desse jeito? É engraçado você perguntar isso, porque tive essa conversa há pouco com a minha mãe. Na escola, eu fazia parte do cenário punk, mas não usava drogas, não bebia, não fumava maconha… Eu comecei a fumar maconha depois dos 25. Tenho 28 e é como se eu tivesse 18 agora.
Você acredita que a comunidade LGBT está ganhando mais espaço no mercado? Definitivamente. A gente tem artistas como Sam Smith e Halsey, então, a cena está crescendo. Mas não na velocidade que deveria ter neste momento. Acho que deveríamos ter bem mais do que umas duas drag queens famosas. Há diversas drags talentosas que não ganham espaço. Estamos progredindo, mas ainda longe de onde precisamos chegar.
Você se considera parte do mainstream agora? Não, eu não estou no mainstream e acho que continuarei assim por enquanto. Até chegarmos onde precisamos chegar na música, será muito difícil. Mas adoro tocar em bares, não tenho conflitos com as minhas origens.
Você acredita que teve que mudar quem você era em algum momento para tentar o sucesso? No começo, com certeza. O meu segundo álbum era para ter mais rock, mas, no final, acabamos usando os mesmos produtores e não consegui chegar nisso. Mas agora, finalmente fiz um álbum com uma banda de garagem. Foi louco, mas eu me diverti muito e fiz exatamente o que queria fazer. Não posso mais mudar quem sou.
Como é a sua relação com a RuPaul hoje em dia? A gente não se encontra sempre, mas eu gravo algumas coisas nos mesmos estúdios que ela, então podemos conversar um pouco. Ela é adorável. É como uma mãe para todos nós. Quando nos encontramos, ela é maternal e dá os melhores conselhos. A Bianca Del Rio e a Courtney Act, que também participaram da sexta temporada, são como irmãs para mim. Nós tivemos infâncias completamente diferentes e nascemos em lugares diferentes, mas, quando estamos juntas, são momentos mágicos.