Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade

Ao revisitar o filme de 1961, o cineasta o transforma em um colorido manifesto político

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h09 - Publicado em 10 dez 2021, 06h00

Pelas ruas de Nova York, uma gangue de garotos mal-encarados transita delimitando sua área de atuação. Por perto, outro grupo igualmente mal-encarado também tenta impor seu domínio. A demonstração de poder, com brigas e vandalismo, ocorre não por meio de murros e sangue, mas sim por elaborados passos de balé. O inusitado retrato da belicosidade masculina embalado com o gracioso estilo de dança é um dos vários pioneirismos de Amor, Sublime Amor, clássico musical da Broadway dos anos 50, com canções de Stephen Sondheim e Leonard Bernstein, e coreografia de Jerome Robbins, vertido em filme em 1961. Aclamado como um dos grandes musicais da história, a produção era tida como irretocável e atemporal. Logo, o anúncio de que Steven Spielberg faria um remake foi tratado como um capricho temerário — o que, claro, se revelou um receio sem fundamentos. Pois o resultado é o belíssimo Amor, Sublime Amor (Estados Unidos, 2021, já em cartaz), uma versão nova, mas fiel ao clássico, com camadas extras adicionadas aos personagens e uma bem-vinda injeção de energia. Para isso, Spielberg não inventou a roda: a trama e as letras das músicas são as mesmas, assim como a ambientação na década de 50. Mas sua leitura é a de um manifesto político disfarçado de romance — e assustadoramente adequado para o século XXI.

Amor, Sublime Amor

A trama inspirada na tragédia shakespeariana Romeu e Julieta segue Tony e Maria, vividos pelos adoráveis Ansel Elgort e Rachel Zegler (leia a entrevista), dois jovens apaixonados em lados opostos da guerra entre os Jets, gangue formada por descendentes de irlandeses, e os Sharks, de imigrantes porto-riquenhos. O casal divide o protagonismo com os líderes das gangues, Riff (Mike Faist) e Bernardo (David Alvarez), além de Anita (Ariana DeBose), namorada de Bernardo — todos impecáveis.

West Side Story: 50th Anniversary Edition Box Set

Continua após a publicidade

Mesmo embalado para uma nova geração, o remake claramente busca atiçar a memória dos fãs. As comparações são inevitáveis e legítimas. É o caso do encontro de Maria e Tony, que cruzam olhares num acalorado baile na quadra de uma escola. No filme de 1961, os demais atores são borrados por efeitos deveras datados, enquanto o casal se beija ali, como se ninguém estivesse olhando. Agora, hipnotizados um pelo outro e cientes da celeuma que podem causar, eles caminham até a parte de trás da arquibancada, onde fazem um jogo de sedução inocente, mas cativante. “Você não é de Porto Rico”, diz ela. “Isso é um problema?”, questiona ele.

Você Conhece Steven Spielberg?

Celebrado por abrir espaço para atores estrangeiros, entre eles a incontornável Rita Moreno — que, no papel de Anita, conquistou o primeiro Oscar para uma atriz latina —, Amor, Sublime Amor carrega consigo sua cota de preconceito. Rita era a única porto-riquenha no elenco formado por americanos de maquiagem marrom carregadíssima. Aos quase 90, ela volta na nova versão como Valentina, esposa do farmacêutico Doc, que abriga Tony e tenta ajudá-lo a viver seu grande amor.

Continua após a publicidade

Spielberg mostrou mais respeito pela diversidade, como prega o filme. Para além de eleger um elenco com latinos, ele abraçou o uso do espanhol acima do inglês de sotaque macarrônico. Também deu mais voz às mulheres e ao rapaz trans, já presente no primeiro filme. Alguns musicais foram reinterpretados, mesmo sem alterações nas letras. Cool, número que exaltava a briga entre as gangues, se tornou um protesto contra o uso de armas em uma coreografia de tirar o fôlego entre Riff e Tony. Detalhes assim fazem toda a diferença.

Publicado em VEJA de 15 de dezembro de 2021, edição nº 2768

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade
Amor, Sublime Amor
‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade
West Side Story: 50th Anniversary Edition Box Set
‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade‘Amor, Sublime Amor’: Spielberg recria clássico na era da diversidade
Você Conhece Steven Spielberg?
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.