Após o incêndio que atingiu na quinta-feira, 29, um depósito da Cinemateca Brasileira na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo, vários artistas se manifestaram publicamente e nas redes sociais. Fernanda Montenegro publicou um vídeo em seu perfil no Instagram chamando o ocorrido de “tragédia anunciada”: “Toda a nossa Cultura das Artes sofre um ‘cala a boca’ neste momento. Mas vamos renascer, tenho certeza, das cinzas vamos renascer. É sagrado o eterno retorno”.
Walter Salles, que dirigiu a atriz em Central do Brasil (1998), também se manifestou, dizendo que o incêndio é o resultado do “desprezo e incompetência de um governo que veio para apagar a nossa memória coletiva, e não para preservá-la”: “Uma Cinemateca guarda a memória visual de todo um país. É um bem público, que pertence a todos os brasileiros e não a um governo. Simbolicamente, o incêndio do galpão da Cinemateca Brasileira – e portanto da nossa memória coletiva – é como o incêndio das terras públicas na Amazônia. Um crime”.
A atriz Samantha Schmütz, conhecida pelo personagem Juninho Play e outros trabalhos na TV e no cinema, disse que seu coração estava em “chamas”: “Fora artistas coniventes com esse ‘absurdo’, que ajudaram a eleger esse governo e seguem quietos sem se importar, mas usurpam da arte para enriquecer, enquanto verdadeiros artistas não conseguem espaço”.
O pernambucano Kleber Mendonça filho, diretor de Aquarius e Bacurau, publicou uma imagem em negativo do incêndio, com um texto em inglês explicando que quatro toneladas de materiais e 2000 cópias de filmes foram perdidos. “Depois do incêndio no Museu Nacional do Rio e vários pedidos de ajuda da comunidade cinematográfica (há 20 dias eu lembrei isso no Festival de Cannes), nada foi feito. Nem parece um acidente”, escreveu.