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Atriz de ‘Família Soprano’ descreve estupro de Weinstein em julgamento

Depondo como testemunha no tribunal, Annabella Sciorra contou em detalhes como teria sido violentada pelo produtor em 1993

Por Redação
Atualizado em 23 jan 2020, 19h02 - Publicado em 23 jan 2020, 19h01

A atriz Annabella Sciorra, conhecida por seu papel em Família Soprano, depôs no banco das testemunhas nesta quinta-feira 23, segundo dia do julgamento do produtor Harvey Weinstein. Visivelmente abalada, Annabella afirmou ter sido estuprada pelo produtor em 1993, após um jantar, e descreveu a violência em detalhes.

A atriz de 59 anos entrou no tribunal de Nova York usando um vestido azul-marinho e relatou aos jurados como Weinstein a violentou em uma noite do inverno de 1993-1994. Ele teria entrado à força em seu apartamento em Manhattan. A depressão acarretada pelo estupro levou-a ao vício em antidepressivos.

De acordo com o relato, o produtor deixou-a de carro no prédio em que morava, em Nova York, e apareceu de surpresa em sua porta minutos depois, desabotoando a camisa. “Eu percebi que ele se convenceu de que queria transar naquela noite e comecei a me afastar. Pensei que conseguiria chegar ao banheiro, então disse a ele para ir embora porque isso não iria acontecer”, contou.

Após a negativa, Harvey teria agarrado Annabella pelo pescoço e a jogado na cama. “Eu tentei tirá-lo de cima de mim com chutes e socos. Então, ele prendeu minhas mãos na minha cabeça e me estuprou”, descreveu. “Ele colocou o pênis dentro da minha vagina e me estuprou. Eu tentei lutar, mas não conseguia mais porque minhas mãos estavam atadas. Ele parou depois de um tempo, saiu de cima de mim e ejaculou na minha perna, sobre a minha camisola”, continuou a atriz, visivelmente abalada.

Questionada pela defesa, Anabella contou que não denunciou o ato na ocasião porque o produtor era uma figura conhecida e poderosa. “Ele era alguém do meu convívio. Naquela época, eu achava que estupro era algo cometido por estranhos em um beco escuro”. A atriz ainda relatou que disse “não” repetidas vezes, mas as súplicas não surtiram efeito. “Não havia mais nada que eu pudesse fazer, então meu corpo desligou, e de repente eu comecei a tremer como em uma convulsão.”

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Annabella chegou a confrontar Weinstein semanas depois do ocorrido, mas foi respondida com sarcasmo e uma ameaça velada. “Eu tentei falar sobre o que aconteceu e disse que apaguei. Ele respondeu que isso é o que toda boa garota católica fala, se inclinou sobre mim e disse que tudo ficaria entre nós”.

Depois disso, o produtor tentou entrar uma vez em seu quarto de hotel em Londres, mas ela não permitiu. Mais tarde, ele também voltou a seu quarto de hotel durante o festival de Cannes em 1997, quando apareceu de roupa íntima e com uma garrafa de óleo para bebês nas mãos, mas foi embora quando ela pediu por ajuda.

A atriz afirmou que o estupro deixou-a traumatizada e deprimida, e que ela começou a consumir grandes quantidades de álcool e a ter tendências suicidas. A história só veio a público em 2017, quandoAnnabella relatou o ocorrido ao jornalista Ronan Farrow, da revista The New Yorker.

A atriz acrescentou que meses antes foi contatada por um suposto jornalista que, acha ela, que trabalhava para Weinstein. “Eu temia pela minha vida”, afirmou.

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Devido ao tempo decorrido, a denúncia de Annabella não pode ser incorporada ao processo como uma acusação formal, mas a promotoria espera que seu depoimento ajude a convencer o júri de que o acusado é um predador sexual. A defesa, por outro lado, tentou desacreditar a testemunha, sustentando que ela é uma atriz profissional, e que seu ofício é interpretar papeis.

Mais de 80 mulheres denunciaram Weinstein por assédio, agressão sexual ou estupro desde 2017, quando os casos vieram à público por meio do movimento Me Too. O julgamento, no entanto, refere-se apenas a dois caos. Se condenado, o ex-todo-poderoso produtor de filmes poderá ser sentenciado a prisão perpétua.

 

 

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