Em 10 de dezembro de 1920, nascia em uma aldeia ucraniana Chaya Pinkhasovna Lispector, terceira filha do casal Pinkouss e Mania — que não demoraria a trazer a caçula e suas duas outras filhas ao Brasil. Um século e diversos romances acachapantes depois, Chaya é conhecida por Clarice Lispector (1920-1977). No próximo domingo, dia 10, o centenário de seu aniversário será comemorado especialmente no mundo virtual — saída encontrada por causa da pandemia.
Capitaneada pela Rocco, a programação para o dia 10 é farta: já pela manhã, às 11h, uma live com a biógrafa Teresa Montero se inicia no Instagram da editora para falar sobre a vida de uma escritora “tão misteriosa” que nem ela mesma se entendia, como Clarice escreveu certa vez. Em seguida, a atriz Zélia Duncan fará – em outra live transmitida às 13h no YouTube, Instagram e Facebook – uma leitura do livro Todas as Cartas, que reúne cerca de 300 missivas, irônicas e autocríticas, sobre absurdos do cotidiano, agruras da condição humana e banalidades da vida. Ao longo da tarde, ainda estarão on-line o editor das obras da autora, Pedro Vasquez, e uma transmissão simultânea de um debate no Fórum das Letras de Ouro Preto, entre a professora Guiomar de Grammont e a escritora imortalizada pela ABL Nélida Piñon, que foi amiga próxima de Clarice. Para encerrar o dia, a Rocco ainda conduzirá uma vigília virtual batizada de Clarice 100 Anos madrugada adentro no Zoom, que contará com um sarau e participação do público.
Quem também presta homenagem à autora é o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) que, desde o dia 6 de dezembro, este domingo, colocou em cartaz – online, é claro – uma peça gratuita interativa, na qual os espectadores escolhem quais textos querem que sejam declamados por Odilon Esteves. A temporada vai até 31 de janeiro, na plataforma Zoom.
Na gringa, o centenário vem sendo celebrado desde novembro, quando a renomada Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, organizou uma conversa com o filho de Clarice, Paulo Gurgel Valente, introduzida pela vencedora do Pulitzer Jhumpa Lahiri, e um show com Moreno Veloso, Beatriz Azevedo e Jaques Morelenbaum. Ambos estão disponíveis no YouTube (só clicar nos links acima). O núcleo Brazil Lab, de Princeton, ainda inclui como celebração da efeméride um vídeo em que Chico Buarque lê uma crônica de Clarice, que vai ao ar na próxima quarta-feira, 9. Na França, uma caixa especial com as versões traduzidas de A Paixão Segundo GH e A Hora da Estrela foi lançada pela editora feminista Éditions des Femmes.
Clarice ainda foi lembrada, recentemente, pela misteriosa Elena Ferrante, que a incluiu em uma lista de 40 livros imperdíveis escritos por mulheres do século XX com o título A Paixão Segundo GH. De fato, é necessário uma grande autora para reconhecer outra.