Consciência coletiva substituirá Deus, diz Dan Brown
Autor de 'O Código Da Vinci' ainda afirmou que inteligência artificial terá função importante em um novo modelo religioso
Dan Brown fez uma afirmação controversa nesta quinta-feira. Segundo o escritor, a humanidade não precisa mais de Deus e pode desenvolver uma nova forma de consciência coletiva, com a ajuda da inteligência artificial, que cumpra a função da religião.
A fala foi feita na Feira do Livro de Frankfurt, onde o escritor americano está divulgando seu novo romance, Origem, o quinto do personagem Robert Langdon, professor de simbologia de Harvard que também protagonizou O Código Da Vinci.
Origem foi inspirado pela pergunta “Será que Deus sobreviverá à ciência?”, disse Brown, acrescentando que isso jamais aconteceu na história da humanidade. “Será que somos ingênuos hoje por acreditar que o Deus do presente sobreviverá e estará aqui em cem anos?”, indagou Brown, de 53 anos, em uma coletiva de imprensa lotada.
Transcorrido na Espanha, Origem começa com a chegada de Langdon ao Museu Guggenheim de Bilbao para acompanhar o anúncio de um bilionário futurista recluso que promete “mudar a face da ciência para sempre”. Os acontecimentos logo tomam um rumo inesperado, dando ensejo a um enredo que permite ao autor visitar os sítios históricos do país — inclusive Barcelona, capital da Catalunha, região do nordeste espanhol atualmente em crise devido a uma iniciativa separatista.
Brown, que estudou história da arte em Sevilha, expressou sua preocupação e sua simpatia pelos dois lados do impasse político. “Amo a Catalunha. Amo a Espanha. Espero que eles resolvam isso. É uma situação de partir o coração, mas também é um sinal dos tempos”, disse Brown, acrescentando que a crise também reflete a tensão entre o antigo e o moderno na sociedade.
O escritor, que vendeu 200 milhões de livros em 56 línguas, admitiu que não lê um romance há cinco anos, mas que investigou profundamente e passou muito tempo conversando com futuristas para criar a trama de Origem. Ele reconheceu que suas opiniões não serão bem acolhidas pelos clérigos, mas pediu uma harmonia maior entre as grandes religiões e aqueles que não professam nenhuma fé.
“O cristianismo, o judaísmo e o islamismo compartilham um evangelho, liberalmente, e é importante que todos nós o percebamos”, afirmou. “Nossas religiões são muito mais parecidas do que diferentes”. Voltando-se para o futuro, Brown opinou que a mudança tecnológica e o desenvolvimento da inteligência artificial transformarão o conceito do divino.
(Com agência Reuters)