A indústria cinematográfica segue sofrendo com os efeitos do coronavírus. Nesta sexta-feira, 6, os organizadores da Academia Internacional de Cinema Indiano – premiação que corresponde ao Oscar em Bollywood – anunciaram o adiamento da cerimônia que ocorreria no dia 27 de março em Indore, região central da Índia. A decisão foi motivada pelas “crescentes preocupações com a propagação da covid-19 e para preservar a saúde e segurança dos fãs da IIFA e da comunidade”, informou a organização.
“Após consulta ao governo de Madhya Pradesh [estado indiano onde o evento ocorreria], executivos da IIFA e investidores da indústria cinematográfica, decidiu-se que o aguardado fim de semana de premiações da IIFA será adiado” diz o comunicado oficial. “Voltaremos com novas informações sobre os planos para Madhya Pradesh” finalizou.
Com cerca de 100 000 casos em 85 países/territórios e mais de 3 000 vítimas fatais, o surto de coronavírus tem causado preocupação e medidas extremas no showbiz. Para conter a epidemia, normas rígidas de segurança que vêm sendo estabelecidas nos países afetados – entre elas, evitar aglomerações e viagens a locais de risco – já atingem em cheio a agenda cultural do planeta. Até o momento, a Índia registrou 31 casos, metade deles em um grupo de turistas italianos. O país suspendeu temporariamente o visto a cidadãos da Itália, Irã, Coreia do Sul, Japão e China para tentar conter a epidemia.
O evento se une ao Festival Internacional de Cinema Red Sea, na Arábia Saudita, ao Festival Internacional de Filmes da Suíça, ao Think Cinema Lausanne, também na Suíça, e ao Festival de Documentários Thessaloniki, na Grécia, à lista de cancelamentos ou adiamentos. Mas a preocupação maior é com o badalado Festival de Cannes, na França. Na última quinta-feira 5, um comunicado dos organizadores garantiu que, até o momento, o festival está confirmado. Mas suas datas – entre 12 e 23 de maio – caem dentro do período em que o Ministério da Saúde francês recomendou o cancelamento de eventos com aglomerações de mais de 5 000 pessoas – o veto vai até 31 de maio.
Epicentro do surto, a China fechou as portas de cerca de 70 000 salas de cinema, forçando o adiamento da estreia de diversas superproduções no país. Entre elas, a versão live action de mais uma animação da Disney, Mulan, aguardada com ansiedade pela população por ser uma história ambientada no país. O longa corre ainda o risco de ter a sua estreia mundial, prevista para 26 de março, cancelada pela epidemia – destino que já atingiu 007: Sem Tempo para Morrer. Anteriormente confirmado para o início de abril, o último filme de Daniel Craig na pele do agente James Bond foi reagendado para novembro. Na Itália – país mais afetado da Europa – cerca de 50% das salas de cinema foram fechadas e grandes produções como O Homem Invisível, O Grito e Dois Irmãos (nova animação da Pixar) foram adiadas. A sequência de Missão Impossível, com locações no país, teve a produção interrompida, assim como o filme Red Notice, da Netflix. Segundo o Hollywood Reporter, entre bilheteria e produção, a perda para a indústria cinematográfica pode bater a casa dos 5 bilhões de dólares.