A recessão fez o mercado editorial do Brasil encolher 21% entre 2015 e 2018. Segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) sobre o período 2006-2017, a expansão experimentada entre 2006 e 2011, quando o faturamento chegou a 7 bilhões de reais, caiu nos anos seguintes, somando um prejuízo de cerca de 1.4 bilhão de reais.
No período em questão, títulos de literatura adulta e infantojuvenil e biografias — chamados de “obras gerais” — foram os que mais perderam interesse do público, com queda de 42%. A venda de livros religiosos foi a menos afetada pela crise, diminuindo apenas 1,2%.
A pesquisa foi encomendada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). Além da crise, a instabilidade política também prejudicou o setor livreiro.
“A queda foi maior do que a do PIB, isso a despeito do crescimento da população”, disse a economista Leda Paulani, coordenadora da pesquisa desde 2008. “A instabilidade política adiou investimentos da indústria e levou o consumidor à insegurança na renda. Se a pessoa perde o emprego, pensa duas vezes antes de comprar um livro”.
No entanto, o setor está otimista. “Espero que a gente já tenha chegado ao fundo do poço. O mercado caiu de tal maneira que editoras e livrarias se reorganizaram, para reverter o quadro. Neste ano, o varejo já viu crescimento”, acredita o presidente do Snel, Marcos da Veiga Pereira.
As livrarias também veem 2018 com bons olhos, apesar da redução do número de lojas de 20% de 2013 para cá – o Brasil tem hoje cerca de três mil, segundo a Associação Nacional de Livrarias (ANL) – e dos atrasos nos pagamentos às editoras. “O mercado está em transformação, não vejo uma catástrofe”, considera o presidente da ANL, Bernardo Gurbanov.