“O maior equívoco sobre mim é quando dizem que sou uma loira-burra com peitos grandes. Na verdade, meu cabelo é naturalmente castanho”, explicou Sydney Sweeney recentemente à revista inglesa Glamour — antes de cair na risada. Aos 26 anos, a atriz americana se tornou o maior sex symbol da geração Z por meio de campanhas de lingerie, entrevistas cheias de carisma e papéis em que a nudez emocional é acompanhada pela física — a qual encara sem ressalvas. A receita anda funcionando bem. Ela já carrega duas indicações ao Emmy por Euphoria e The White Lotus, e não sai da boca de seus 17 milhões de seguidores, nem dos olhos dos frequentadores de cinemas. Em fevereiro, estrela dois filmes: Todos Menos Você — comédia romântica que vem quebrando recordes nos Estados Unidos — e Madame Teia, lançamento da parceria entre Sony e Marvel que estreia no país na quinta-feira 15. No streaming, protagoniza o drama Reality, disponível na Mubi, em que troca a maquiagem pelo suspense real da denunciante que expôs a interferência russa nas eleições americanas de 2016. Pelo contraste entre as apostas, já é possível proclamar: de burra, a loira não tem nada.
Pelo contrário: a atriz sempre foi a cabeça pensante por trás de sua carreira. Em 2009, montou um plano de cinco anos para convencer os pais a deixarem-na atuar. Funcionou, e logo conseguiu papéis pequenos na TV. Em 2018, veio a série Everything Sucks!, da Netflix, seguida do sucesso de crítica da HBO Objetos Cortantes e de uma ponta marcante em O Conto da Aia. O ano de 2019 trouxe a adolescente ingênua e manipulável Cassie Howard, de Euphoria, e a fama veio a galope. Insegura, a personagem utiliza sua sexualidade como recurso de sobrevivência, feito uma Marilyn Monroe do ensino médio. Hipersexualizada, Cassie se despia frequentemente, mas Sweeney nunca viu desconforto: “Dezenas de homens são aclamados por trabalhos com nudez. Isso só é visto como degradante para mulheres”, já afirmou à Variety.
Euphoria (Trilha Original da Série da HBO) [Disco de Vinil]
Em 2020, ela fundou sua própria produtora, a Fifty-Fifty Films, com a qual já realizou Todos Menos Você e o terror ainda não lançado Imaculada, em que vive uma freira corrompida — e liberta — por forças nada divinas. Ciente de sua aparência e reputação, ela não nega temas sexuais e, sim, os abraça, promovendo tanto suas qualidades quanto uma abordagem saudável e consensual. Nos sets, sempre é acompanhada por coordenadores de intimidade.
No tempo livre, Sweeney restaura carros vintage e os compartilha no TikTok Syd’s Garage, pratica MMA e mantém um relacionamento privado com o noivo, empresário que se abstém dos holofotes. Se Hollywood está acostumada a controlar suas estrelas como bonecas, Sweeney força o status quo a se adaptar. Nesta geração, a “loira-burra” é musa de si mesma.
Publicado em VEJA de 9 de fevereiro de 2024, edição nº 2879