Uma referência ao livro 1984 feita por uma assessora de Donald Trump disparou as vendas do clássico de George Orwell. Desde terça-feira o título encabeça a lista dos mais vendidos no site da Amazon nos Estados Unidos. Para defender o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, depois da polêmica envolvendo os números do público presente à posse de Trump, a assessora Kellyanne Conway classificou no domingo a versão de seu colega como “fatos alternativos”.
Spicer chegou a afirmar que a posse do novo presidente dos EUA foi a mais numerosa já vista na história do país. No entanto, fotos comparativas avaliadas por analistas apontam que a cerimônia em Washington contou com uma presença bem menor de visitantes do que na posse de Barack Obama, em 2009.
Após a declaração de Kellyanne Conway, vários jornais afirmaram que o termo “fatos alternativos” foi usado em 1984, distopia que descreve uma sociedade onde o governo controla estritamente a informação. Na obra publicada originalmente em 1949, Orwell trabalha com o conceito de “duplipensar”, o qual, segundo o autor britânico, “significa o poder de manter duas crenças contraditórias na mente simultaneamente, aceitando ambas”.
Nas horas que se seguiram à polêmica, as vendas de 1984 dispararam. Um porta-voz da editora Penguin disse à rede CNN que uma nova tiragem de 75.000 exemplares será impressa para responder à demanda incomum. A revista The Hollywood Reporter também noticiou que uma nova adaptação do livro para o cinema está sendo preparada pela Sony, com direção de Paul Greengrass. No Brasil, o título é editado pela Companhia das Letras e custa 49,90 reais.