Game of Thrones ficou tão popular que teve político tentando se apropriar do sucesso da série, da Holanda à Rússia, passando pelo atual presidente americano, Donald Trump, que usou e abusou de memes e chegou a imprimir um cartaz dizendo “O muro está chegando!” – uma frase que faz referência ao muro que quer construir na fronteira americana com o México. “Acho que ele não assiste à série”, disse em entrevista a VEJA Jacob Anderson, que faz o personagem Verme Cinzento. “Ele deve ter pelo menos perdido o fim da temporada passada, porque aquela Muralha não ficou em pé, afinal.” A Muralha é uma barreira enorme de gelo construída pelos homens para proteger Westeros dos Caminhantes Brancos e do Rei da Noite, que transformam pessoas e cadáveres em hordas de mortos-vivos. No final da sétima temporada, o Rei da Noite derrubou a Muralha sem grandes dificuldades, permitindo o avanço dos Caminhantes Brancos.
Joe Dempsie, intérprete de Gendry, o filho bastardo de Robert Baratheon (Mark Addy), o último rei antes do início da Guerra dos Tronos, afirmou que “é irônico que num momento em que para muitas pessoas nada é mais aterrorizante do que um monte de brancos nervosos, tenhamos na série brancos ainda mais brancos nervosos”, lembrando os nacionalistas brancos que temem dividir espaço com pessoas de outras etnias.
A HBO se pronunciou no Twitter quando Trump usou a fonte oficial de Game of Thrones num meme em que se lia “As sanções estão chegando”. “Não sabíamos dessa mensagem e preferiríamos que nossa marca registrada não fosse utilizada incorretamente para propósitos políticos”, disse o canal. Sophie Turner, que vive Sansa Stark, tuitou “Eca”, enquanto Maisie Williams, a Arya Stark, escreveu “Hoje não”, um dos lemas da sua personagem.
Para Nikolaj Coster-Waldau, isso é uma prova do sucesso da série. “Eu lembro quando Game of Thrones começou a ser citado em outras séries e aspectos da cultura pop”, disse em entrevista a VEJA. “Mas acho que usar para a política acaba saindo pela culatra porque é tão óbvio que você está tentando capitalizar em cima de algo que é um sucesso.”
Também não faltaram textos jornalísticos comparando a política do Brasil, dos EUA, do Reino Unido com Game of Thrones. Aqui, o jornal O Globo usou o ex-presidente Michel Temer como rei, Rodrigo Maia como Mão do Rei, os tucanos do PSDB como Torre do Ninho (dos Arryn na série) e os petistas na Ilha de Ferro (terra dos Greyhoy). Já a Forbes comparou o referendo sobre a independência da Escócia com a rebelião do Norte liderada por Robb Stark (Richard Madden) que resultou na Guerra dos Cinco Reinos (ou seja, o Brexit). E, claro, há a alegoria, confirmada pelo autor da saga, George R.R. Martin, dos Caminhantes Brancos como a mudança climática, que ameaça a todos, enquanto países e povos brigam entre si.
Game of Thrones, afinal, tem batalhas épicas, romances proibidos e, claro, dragões, mas, no fundo, é uma série sobre a luta pelo poder. “O que fazer com o poder? Como você faz para se importar com algo que é maior do que governar por governar? Qual a razão pela qual você quer ter poder?”, perguntou Emilia Clarke em entrevista ao site de VEJA. Sua Daenerys Targaryen nasceu sem perspectiva de ter poder, mas, desde a morte de seu irmão Viserys (Harry Lloyd), viu-se na posição de ser herdeira do Trono de Ferro ocupado por seu pai, Aerys, antes da rebelião que deu a coroa a Robert Baratheon (Mark Addy), morto no sétimo episódio. Se ela vai conseguir seu objetivo, é uma das questões da oitava e derradeira temporada, que estreia no domingo 14, às 22 horas, na HBO e HBO GO.