Emmy: A vida nada fácil das estrelas-mirins que brilham na TV
Eles não são atores típicos, já que têm deveres escolares, necessitam de tempo para descansar e se distrair e sempre estão acompanhados por seus pais
O que Black-ish, Stranger Things e Big Little Lies têm em comum? Além de todas terem sido indicadas ao Emmy 2017, que acontece neste domingo, elas têm crianças e adolescentes em papéis importantes. Eles não são atores típicos, já que têm deveres escolares, necessitam de tempo para descansar e se distrair e sempre estão acompanhados por seus pais.
“Não são atores treinados como os adultos, mas os meninos que têm esses papéis por uma habilidade inerente têm carisma, o desejo de entrar em um personagem. Ouvem instruções e são muito inteligentes”, disse a diretora de elenco Amanda Lenker Doyle, que trabalhou em Black-ish. Além disso, acrescentou, elas costumam estar mais bem preparadas para suas audições que os adultos. “É impressionante ver crianças que ainda não sabem ler memorizando os textos.”
Às vezes, há dificuldades, em geral apresentadas pelos pais, disse o agente Jason MacRay, que já desistiu de atores mirins talentosos por esse motivo. “Posso ver que vai ser um desastre lidar com a mãe ou o pai ou ambos, principalmente quando eles não se entendem.”
Em alguns casos, também é difícil pedir que as crianças expressem emoções além da sua maturidade. Um diretor de séries de sucesso, que pediu para não ser identificado, lembrou de um ator que interpretou o papel de um menino de 6 anos que havia perdido a mãe e cujo pai ainda não tinha vivido seu luto. “Era um desafio obter dele essas emoções tão complexas”, disse.
Rejeição nas audições
Em Hollywood, pequenas estrelas participam de gravações que duram até nove horas por dia, e elas precisam dedicar três horas desse período a ter aulas com um tutor – não necessariamente seguidas, mas quando há um intervalo. “Há milhões de dólares investidos, cada minuto no set custa dinheiro, e você pede a uma criança de 10 anos que se comporte profissionalmente e esteja no nível do Tom Cruise”, disse MacRay.
Outros fatores, como a pressão, a atenção midiática e salários altos também podem subir à cabeça dos atores-mirins, muitas vezes porque os pais os encorajam a viver seus próprios sonhos. Leonardo DiCaprio e Natalie Portman, por exemplo, conseguiram passar de atores infantis a estrelas adultas, mas há também os casos de Lindsay Lohan e Macaulay Culkin, que fracassaram ou caíram no esquecimento. “A família é primordial para que os meninos mantenham os pés no chão”, acrescentou MacRay.
Edouard Holdener, 13 anos, que trabalha com MacRay, quis ser ator desde que se entende por gente. Está estudando o quarto ano em um curso pela internet para ter tempo de se dedicar a sua paixão. Acumula vários papéis no cinema, inclusive um de protagonista no filme independente Hunky Dory, e recentemente terminou uma série para a Amazon com Jean-Claude Van Damme. “Adoro me preparar para as audições, mergulhar no roteiro, decorar os textos, mas é difícil quando você não consegue um papel, não dá para evitar ficar chateado”, disse.
O jovem ator conta que passou por três etapas de audições para Stranger Things, mas não foi aprovado. “Ainda fico triste quando vejo os cartazes”, conta. Parte do trabalho dos diretores de elenco é proteger os sentimentos destes meninos. “É importante que sintam que fizeram um grande trabalho e deram o seu melhor, porque uma audição sempre é difícil, inclusive para os adultos”, disse Amen Lenker Doyle.
Holdener assegurou que sua agente lhe aconselhou “ter outros interesses” e não pensar apenas na sua carreira. Por isso seu hobby é escrever… roteiros de cinema.
(Com AFP)