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Estado do Rio busca patrocínio para ‘Queermuseu’: ‘Portas abertas’

'A liberdade de expressão faz parte do movimento cultural que rege o mundo', diz o secretário André Lazaroni, defensor da mostra

Por Da redação
Atualizado em 4 out 2017, 18h10 - Publicado em 4 out 2017, 18h09
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  • A Secretaria de Cultura do Estado do Rio quer promover uma temporada da mostra Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, defenestrada do Santander Cultural, mês passado, e do Museu de Arte do Rio (MAR) pelo prefeito carioca, Marcelo Crivella (PRB), no Parque Lage, centro cultural na zona sul da capital.

    O secretário André Lazaroni (PMDB) exige apenas que haja uma indicação etária para a mostra, atacada por movimentos conservadores que viram na mostra incentivo ao abuso de crianças e de animais. Em crise, o Estado do Rio afirma não dispor dos 400 000 reais necessários para montá-la, mas que, diate de patrocínio, receberá a mostra. Outra saída seria um financiamento coletivo.

    Nesta quarta-feira, o MAR divulgou nota atribuindo a decisão de não exibir a Queermuseu exclusivamente ao pastor evangélico Marcelo Crivella. Ele declarou que as obras — de artistas como Adriana Varejão, Candido Portinari e Lygia Clark — fazem “apologia da pedofilia e da zoofilia”. Crivella negou que tenha incorrido em censura à exposição, e sustenta que está representando apenas o anseio popular.

    “Como órgão da administração pública municipal, o MAR cumprirá a ordem da prefeitura do Rio. Entretanto, o MAR acredita que os museus são espaços fundamentais para a diversidade. Eles nos ajudam a conhecer diferentes ideias de mundo e a entender outros pontos de vista. (…) Os debates propostos pela arte não devem ser interrompidos. Silenciar as discussões incômodas é não encarar os conflitos inerentes à sociedade”, diz a nota do MAR.

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    O secretário de Cultura do Estado, André Lazaroni, discorda da decisão da prefeitura. Ele falou à reportagem sobre o assunto:

    Quanto custa a mostra? Há recursos para montá-la? A secretaria não disponibiliza de recursos. A exposição custa algo em torno de 400 000 reais e o Estado não pode arcar neste momento. Mas o Parque Lage, que é um belíssimo equipamento cultural do Estado, está de portas abertas para acolher a mostra. Minha única exigência é que se estabeleça uma classificação etária indicativa.

    O que fez com que o Parque Lage se interessasse por trazê-la ao Rio? Acredito na democracia artística, sou a favor da arte em sua essência, mesmo que pessoalmente ela agrade ou não a cada um. Como chefe de Estado, o que me cabe é oferecer um espaço público para uma exposição de arte, e indicar uma classificação etária adequada. É o que está ao meu alcance como defensor da cultura.

    Como viu as reações à mostra? Cada indivíduo adulto tem seu discernimento quanto ao que julga pertinente apresentar para seus filhos. Cabe a cada um a escolha de prestigiar ou não. Só não compartilho da opinião de que um Estado deve censurar qualquer forma de expressão artística apresentada em um espaço cultural próprio para isso.

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    Como avalia o cancelamento da mostra pelo Santander Cultural, mês passado, e a desistência do MAR em tê-la? Houve censura? Não compartilho da mesma opinião dos que decidiram pelo cancelamento. Compreendo e respeito, mas não concordo. É só uma questão de opinião.

    O senhor teme reações violentas de movimentos conservadores, que tacham a exposição de “imoral”? Não temo, porque reações como essas não podem ter força em uma república democrática. A liberdade de expressão faz parte do movimento cultural que rege o mundo.

    (Com Estadão Conteúdo)

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