Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Estrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de lado

Artistas aproveitam a fama para lançar marcas de beleza e moda, enquanto relegam a carreira musical — e os fãs — para construir impérios bilionários

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h15 - Publicado em 1 jan 2023, 08h00

Ao longo do ano que passou, o rapper Kanye West virou símbolo do que seria um “cancelamento justificável”. Com sua língua desenfreada, ele ofendeu judeus com falas antissemitas e debochou da luta antirracista nos Estados Unidos, coroando as polêmicas ao defender Adolf Hitler. A conta chegou: empresas que tinham contratos com o cantor e sua marca de roupas e sapatos Yeezy, como Balenciaga, GAP e Adidas, encerraram a parceria, causando prejuízo de 1,5 bilhão de dólares a West. Diante de sua conduta errática, a queda de West não surpreendeu. Mas o caso iluminou um dado espantoso: a renda que garantia a presença do rapper na lista de bilionários da Forbes até o escândalo vinha de negócios paralelos — seus últimos discos foram uma nulidade em vendas.

Taylor Swift: Midnights (Moonstone Blue Edition)

Assim como ele, outras estrelas do pop já nem precisam mais da música em si para sobreviver — elas faturam é com seus negócios milionários. O maior expoente desse fenômeno é Rihanna. Vencedora de nove prêmios Grammy, a artista caribenha escanteou o microfone em 2017, um ano após o lançamento de seu último álbum, ANTI, para investir em uma marca de maquiagem própria, a Fenty Beauty. A diva de Barbados mergulhou no mundo empresarial para erguer um império lucrativo: em cinco anos de existência, a Fenty Beauty é avaliada em 3 bilhões de dólares (mais de 15 bilhões de reais). A voz do hit Umbrella também criou uma linha de lingeries, a Savage x Fenty, que surfou na onda de uma indústria mais inclusiva, desbancando a Victoria’s Secret e a ditadura da magreza. Ela fundou, ainda, uma empresa de cosméticos, a Fenty Skin. Somando-se as participações nos lucros expressivos das três empresas e os royaties musicais (cifra bem menor na conta), Rihanna ostenta um patrimônio líquido de 1,4 bilhão de dólares aos 34 anos — e é a bilionária mais jovem dos Estados Unidos.

ASTRO RUINDO - West: perda de milhões de dólares após polêmicas -
ASTRO RUINDO - West: perda de milhões de dólares após polêmicas – (@kanyethegoatwest/Instagram)

Para chegar ao topo do empreendedorismo, Rihanna ignorou apelos de fãs por seis anos, até voltar a gravar neste ano para a trilha sonora da sequência de Pantera Negra (2018), Pantera Negra: Wakanda para Sempre, em homenagem a Chadwick Boseman, astro do primeiro filme morto em 2020. A narrativa racial da saga da Marvel também foi importante para convencer a empresária e mãe recente (deu à luz seu primeiro filho com o rapper ASAP Rocky) a romper o hiato musical. Em fevereiro de 2023, Rihanna se apresentará no intervalo da final do campeonato de futebol americano Super Bowl, palco concorrido e popular por shows memoráveis. Como se vê, ela só se dá ao luxo de sair de casa para cantar quando a oportunidade pode fazer bem à sua imagem — e aos negócios.

Fenty Beauty By Rihanna: Delineador líquido de longa duração

Continua após a publicidade

Outras divas do pop não chegam a tanto, mas direcionam cada vez mais suas energias para atividades extramusicais. Lady Gaga e Selena Gomez também apostam no mercado da beleza com a Haus Labs e a Rare Beauty, respectivamente. Além de continuar investindo na carreira de atriz (será a Arlequina de Coringa 2: Folie à Deux, filme com Joaquin Phoenix previsto para 2024), Gaga amplia seus lucros com a linha de cosméticos veganos, que produz uma receita de 141 milhões de dólares. Já a protagonista de Only Murders in the Building vende sua a dela em 45 países — incluindo o Brasil. Em apenas um ano, lucrou 60 milhões de dólares. Ambas não lançam novos discos desde 2020. Mas, com tantas fontes de renda, quem precisa dar duro compondo?

Na seara do rap, a queda de Kanye West iluminou um herdeiro em ascensão: Drake. Simbolizada por uma coruja, a October’s Very Own (OVO) é a linha de roupas do artista canadense. O patrimônio estimado em 250 milhões de dólares do rapper provém não só de suas canções, mas também de investimentos imobiliários, parcerias com Apple e Adidas, além de lucros da gravadora da qual é dono, a OVO Sound. As rimas ainda são importantes em seu caso, mas não mais essenciais como ganha-­pão.

DETERMINADA - Taylor Swift: comprometida só com a música -
DETERMINADA - Taylor Swift: comprometida só com a música – (Axelle/Bauer-Griffin/Getty Images)

Rare Beauty Discovery Paleta de sombras

O que move a troca de melodias pelo empreendedorismo é, obviamente, o desejo de aplicar os caminhões de grana que esses artistas obtêm com discos e turnês. Mas há desafios na hora de ir atrás dos cifrões, como aponta o produtor João Marcello Bôscoli. “Não é todo artista que tem um nome forte o suficiente a ponto de sustentar uma marca. Rihanna e Selena Gomez investiram em maquiagem em momentos nos quais a carreira musical delas estava mais que consolidada. Por isso, podiam arriscar perder dinheiro em novas frentes”, analisa. Outro estímulo é, quem diria, o puro tédio. “Há também os artistas milionários que não sabem o que fazer com tanto dinheiro. Aí, um amigo sugere abrir um negócio, e o astro embarca só por ter cacife e recursos para isso”, completa Bôscoli.

Continua após a publicidade

Há quem vá contra a corrente. Se colegas estão virando magnatas de moda e beleza, Taylor Swift parece determinada a continuar na estrada só como cantora — mesmo que lance alguns produtos pontuais e promocionais, como discos de vinil e moletons. Enquanto todas as pessoas do planeta caçaram atividades caseiras durante os lockdowns, a americana se isolou em um estúdio, onde compôs e gravou os discos inéditos folklore, evermore e o mais recente, Midnights, além de regravar CDs antigos com a meta de recobrar os direitos sobre suas obras de uma antiga gravadora. Anunciou ainda uma turnê com 51 shows pelos EUA para o ano que vem, junto à promessa de levá-la para outros países. É notável que haja, enfim, ao menos uma popstar que não cogite vender algo que não sejam suas letras embebidas em desilusões amorosas. Lucrar faz bem — mas a música não pode parar.

Publicado em VEJA de 4 de janeiro de 2023, edição nº 2822

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR

Estrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de ladoEstrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de lado
Taylor Swift: Midnights (Moonstone Blue Edition)
Estrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de ladoEstrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de lado
Fenty Beauty By Rihanna: Delineador líquido de longa duração
Estrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de ladoEstrelas do pop faturam com grifes próprias e deixam até a música de lado
Rare Beauty Discovery Paleta de sombras
logo-veja-amazon-loja

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.