Festival de Cannes celebra retorno presencial sem máscaras ao ar livre
Tradicional evento do cinema vai até o dia 17 de julho e tem o diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho como membro do júri
Pouco afeito ao mundo virtual, o Festival de Cannes foi um dos poucos grandes eventos da indústria cinematográfica que não se rendeu a plataformas de videoconferência em 2020. Em vez disso, optou por adiar (e adiar mais uma vez) a tradicional cerimônia do cinema francês até que a pandemia tornasse possível um retorno presencial – o que aconteceu hoje. De 6 a 17 de julho, o evento celebra a primeira edição desde o começo da pandemia, data que coincide com a flexibilização das medidas de restrição na França.
Neste primeiro dia de tapete vermelho, o que já se vê é o tão sonhado au revoir para as máscaras. Estrelas como Spike Lee, presidente do júri da 74ª edição do festival, Jodie Foster, Marion Cotillard, Adam Driver e a cantora Angele desfilaram com os rostos à mostra, graças à dispensa da obrigatoriedade do uso de máscaras ao ar livre. O cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho, de Bacurau, também esteve presente como membro do júri, ao lado de outros nomes como Maggie Gyllenhaal e Kang-Ho Song. A máscara, no entanto, continua obrigatória em espaços fechados mesmo para quem já está totalmente vacinado.
Entre os protocolos em vigor, inclui-se um serviço de triagem que oferta aos visitantes testes rápidos de Covid-19 ao longo do dia e a exigência de um documento que atenda a uma das três opções: um certificado de vacinação provando que a segunda dose foi tomada há mais de 14 dias, um teste PCR ou de antígeno negativo feito em até 48 horas, ou prova de imunidade por um teste de anticorpos positivo. O buffet, no entanto, está garantido, e a máscara é dispensável no momento de comes e bebes. Para diminuir os riscos de contaminação, a comida é servida à mesa.
A inauguração do festival acontece com o musical Annette, com Marion Cotillard e Adam Driver, puxando a fila de filmes na disputa pela prestigiosa Palma de Ouro, vencida por último pelo sul-coreano Parasita, em 2019. Rodados antes e durante a pandemia, os 24 selecionados refletem o impacto do fechamento dos cinemas na indústria, já que representam o maior número de competidores nos últimos anos.
“A Covid continua aí, mas estar presente no retorno do festival traz um grande sentimento de alívio e excitação”, disse Adam Driver à AFP, ao que Marion complementou: “Annette é perfeita para abrir Cannes, porque convida os espectadores a vibrar com um grande espetáculo.” A dupla interpreta um casal de famosos cercado de glamour. O musical é o primeiro filme em inglês do diretor francês Leos Carax, e tem trilha sonora e roteiro vindos do grupo californiano Sparks, que marcou a cena alternativa nos anos 1970.
Fora o diretor Kleber Mendonça Filho no júri, o Brasil está presente na edição com dois curta-metragens na disputa pela Palma de Ouro da categoria: Céu de Agosto e Sideral. “Assistimos a muitos filmes brasileiros de qualidade, e a presença do cineasta [Kleber] é uma maneira de prestar homenagem ao cinema do Brasil e ao país duramente afetado pela pandemia”, afirmou o organizador do evento Thierry Frémaux.