Um filme de esporte nunca é sobre o esporte em si, e Borg/McEnroe, que abre o Festival de Toronto nesta quinta-feira, não é diferente. O longa-metragem de Janus Metz (do premiado documentário Armadillo) pretende mais ser um estudo sobre as personalidades de dois ícones do tênis, o sueco Björn Borg e o americano John McEnroe, que tiveram uma das grandes rivalidades da modalidade. “De certa forma, é como se fosse o retrato de viciados em drogas, só que o tênis é a droga”, disse Metz em entrevista coletiva após a sessão de imprensa. “Por que eles fazem isso? São pessoas muito concentradas. Como dois viciados, dois homens de negócios, dois soldados.”
A produção usa o torneio de Wimbledon de 1980 para mostrar a rivalidade entre dois homens que, na superfície, eram opostos: Borg (Sverrir Gudnason), o iceberg, contra McEnroe (Shia LaBeouf), o vulcão. Borg estava sentindo a pressão para ganhar seu quinto título seguido em Wimbledon, aos 24 anos de idade, enquanto McEnroe tentava o seu primeiro. Mas nem tudo é bem assim. Por meio de flashbacks da infância de Borg – numa das fases, inclusive, ele é interpretado por seu filho Leo –, Metz mostra que o aparente iceberg era, quando mais jovem, muito parecido com McEnroe e foi domado por seu técnico, Lennart Bergelin (Stellan Skarsgård). Enquanto isso, McEnroe também não é apenas o tenista desbocado e gritalhão. “Ele é muito mais complicado que isso. McEnroe usava a raiva como tática para incomodar os adversários. Só era difícil porque a narrativa da época era de desenho animado, de mocinhos contra vilões”, disse LaBeouf. O ator, que frequentemente se vê metido em confusão, disse se identificar com McEnroe. “Para mim, ele é incompreendido”, disse. “Foi catártico participar do filme.”
É difícil não notar, entretanto, que o filme está mais interessado no homem que não demonstrava suas emoções do que naquele que exibia todas as suas. Talvez por isso faltem cenas com mais pegada – Metz parece tão preocupado em não cair no melodrama que acaba com um resultado apenas morno.