O Festival de Cinema de Veneza encerra a sua 77° edição neste sábado, 12, após onze dias. Primeira mostra de filmes a acontecer presencialmente desde o início da pandemia, o evento foi pautado por diversos protocolos de segurança, para evitar a transmissão do novo coronavírus. Porém, nem tudo saiu como deveria. Pequenas aglomerações se mostraram constantes — e sem supervisão da organização da mostra. Já quando o assunto era a obrigatoriedade das máscaras, especialmente dentro das salas de cinema, o evento foi firme: nem as celebridades escaparam de uma bronca dos fiscais ao redor.
O tapete vermelho, local que costuma aglomerar o maios número de pessoas, este ano foi cercado, impedindo a presença de curiosos e fãs em frente ao Palazzo del Cinema. A quantidade de fotógrafos também foi reduzida. As entradas do edifício, no entanto, continuaram na principal via do Lido, que é aberta para pedestres. O resultado foi aglomerações de pessoas a cada sessão de gala do dia. Os convidados mais esperados da noite chegaram ao tapete em um carro (de uma marca patrocinadora do evento). Assim, diversos transeuntes se aglomeraram em frente à entrada de automóveis, com o intuito de ver (sem sucesso) as estrelas do cinema pelas janelas fechadas dos veículos.
O restante das celebridades, caso de modelos ou influenciadores, por exemplo, chegaram ao local à pé e, como os mortais, enfrentaram uma fila com grades baixas, onde outro grupo de pessoas se reunia em busca de uma selfie ou autógrafo. Uma ponte em frente ao luxuoso Hotel Excelsior foi o terceiro ponto que acomodou grupos de fãs. A vista do local dá para a plataforma onde as estrelas desembarcam em Veneza, reunindo paparazzi durante todo o dia, e curiosos à tarde.
Foram instalados nove pontos de entrada na área do evento, onde os visitante tinham a temperatura corporal medida e eram revistados. Como a maioria chegava à ilha pelas mesmas embarcações públicas, filas de pessoas eram constantes, e raramente havia respeito ao distanciamento de um metro entre os outros. O mesmo se repetiu nos caixas de lanchonetes e nas entradas das salas de cinema.
Já dentro das sessões, o cuidado foi mais rigoroso. As máscaras eram obrigatórias o tempo todo. Os que tentaram burlar a regra, receberam a vergonhosa luz forte dos lanterninhas no rosto, estes sempre atentos nos corredores laterais, fiscalizando os espectadores. As salas de cinema tiveram a lotação máxima reduzida à metade.
A bilheteria presencial foi abolida da edição, restando apenas o portal online do evento. Os visitantes credenciados conseguiram fazer as reservas de assentos cerca de 72 horas antes das sessões ou das coletivas de imprensa. Até a confirmação de entrevistas para jornalistas ganhou o aviso de “traga a sua máscara facial” junto com as informações do local e hora em que seriam realizadas. Os atores, no entanto, tentaram escapar do protocolo. Enquanto alguns perguntavam aos jornalistas presentes se poderiam deixar o rosto descoberto enquanto falavam as suas resposta, outros tentavam puxar os elásticos da máscara para longe do rosto, para deixar a voz menos abafada. Um novo dilema da comunicação instaurado pela pandemia e suas máscaras.
Policiais e seguranças, porém, não se importavam se quem não queria usar a máscara era famoso ou não: até estrelas, que não queriam estragar a maquiagem antes dos cliques no tapete vermelho, onde podiam retirar o adereço, foram alertadas pelos fiscais de plantão. “Estava muito nervosa, porque eles estavam muito sérios, me explicando quando eu deveria usar a máscara, quando poderia tirar e outras coisas”, relembra a atriz Stacy Martin a VEJA, no dia após a estreia do filme Amantes. “Quando eu cheguei no tapete vermelho, era como estar em Veneza, só que de um jeito um pouco mais militar. Foi triste não poder conversar com o público, mas pelo menos estamos aqui.”