Jornalista e filho de Woody Allen, Ronan Farrow afirmou por meio de suas redes sociais que deixará de publicar livros com a editora Hachette, depois que a marca publicou o livro de memórias do cineasta Apropos of Nothing. Segundo o herdeiro de Allen, ele não quer estar no mesmo grupo editorial do pai. “Isto demonstra a falta de ética e de compaixão pelas vítimas de agressões sexuais”, afirmou.
Em maio do ano passado o jornal The New York Times publicou que quatro executivos de grandes editoras se recusaram a publicar o manuscrito enviado pelo agente de Allen – alguns sequer leram o texto. A surpresa veio na segunda-feira, 2, quando a editora Grand Central Publishing, filial do grupo Hachette, anunciou a compra dos direitos das memórias do cineasta.
Allen foi alvo de acusações por parte de sua filha adotiva, Dylan Farrow, que alega ter sido abusada sexualmente pelo pai quando tinha apenas 7 anos. Ele foi inocentado após duas investigações nos anos 1990. O promotor do caso decidiu não indicia-lo, apesar de afirmar publicamente que suspeitava de Allen. Dylan, por sua vez, se manteve firme durante o caso e teve apoio da mãe adotiva, Mia Farrow, e do irmão Ronan. O caso voltou a vir a tona depois dos escândalos envolvendo o movimento #MeToo.
Ronan conhece o caso de perto. Em outubro, o filho de Woody Allen publicou, pela mesma editora, o livro: Operação Abafa: Predadores sexuais e a industria do silêncio, que relata o seu trabalho investigativo para revelar as acusações de assédio e agressão sexual contra o produtor de Hollywood Harvey Weinstein.
No comunicado escrito em seu Twitter, Ronan diz que a irmã não foi contactada pela editora, o que ele considera uma “falta enorme de profissionalismo”, e disse que “a Hachette não fez as verificações sobre o conteúdo” do livro.
O manuscrito considerado pela editora como “um relato exaustivo da vida de Woody Allen, pessoal e profissional”, será lançado em 7 de abril nos Estados Unidos e ainda não tem data prevista para chegar no Brasil.