“Envolvente”, “brutal” e “poderoso” foram alguns dos adjetivos usados pela crítica estrangeira para classificar o filme brasileiro 7 Prisioneiros, drama da Netflix, exibido no 78º Festival Internacional de Cinema de Veneza. Protagonizado por Christian Malheiros (da série Sintonia) e Rodrigo Santoro, o drama é o segundo filme do diretor Alexandre Moratto, 33 anos, que já havia arrebanhado elogios em sua estreia com Sócrates, de 2018 — que deu ao cineasta o prêmio de diretor revelação na premiação americana Independent Spirit.
Aly Muritiba é outro diretor que vem conquistando os gringos. O baiano de 42 anos chamou a atenção com o belíssimo filme Ferrugem, em 2018, elogiado no Festival de Sundance naquele ano. Agora, ele lança Deserto Particular, na mostra paralela Venice Days, em Veneza. Exibido na noite de terça-feira, 7, o longa foi ovacionado pela plateia ao final. Com a boa recepção no festival italiano, uma relevante vitrine para o Oscar, os dois filmes saem na frente na busca pela possibilidade de representar o Brasil na cobiçada premiação.
Apesar de distantes – 7 Prisioneiros é um drama aflitivo e acachapante, enquanto Deserto Particular é um romance inusitado – ambos permeiam cenários brasileiros e seus contextos sociais. O longa de Moratto acompanha a história de um jovem (Malheiros) preso em um sistema de trabalho análogo à escravidão, conduzido pelo violento Luca (Santoro). A trama ambientada em São Paulo concorre na mostra paralela Orizzonti Extra, que celebra filmes autorais de estilo único.
Já Deserto Particular traz Antonio Saboia (de Bacurau) na pele de um policial curitibano que, apaixonado por Sara, uma mulher com quem se relaciona à distância por aplicativo, atravessa o país até a Bahia para encontrá-la quando ela desaparece. “É um filme no qual nenhum momento é desperdiçado, uma fagulha que aumenta até pegar fogo”, diz a análise publicada pelo International Cinephile Society.
7 Prisioneiros e Deserto Particular estreiam no Brasil ainda este ano, o primeiro na Netflix, o segundo nos cinemas.