Os cobiçados recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) passarão a ser liberados com mais rapidez e com um teto maior. A simplificação do sistema de análise dos projetos foi anunciada nesta segunda-feira pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), junto com 471 milhões de reais para seis linhas de financiamento para cinema (produção e distribuição) e TV.
A desburocratização do FSA, que faz dez anos como o principal meio de financiamento público do cinema brasileiro, e sua adequação à realidade do mercado vêm para dar mais fôlego à captação de recursos dentro e fora do país, e permitir que os orçamentos cheguem a patamares internacionais.
Um filme de investimento médio, caso do preferido do público em 2017, Minha Mãe É uma Peça 2, atualmente custa 6,5 milhões de reais; com as mudanças, este valor poderá chegar a 50 milhões de reais, estima o presidente da Ancine, Christian Oliveira.
Ele quer baixar o tempo de resposta a menos da metade, atendendo a demandas de realizadores tanto dos filmes mais comerciais, candidatos a blockbuster, e que disputam espectadores com os estrangeiros, quanto daqueles de maior ambição artística e menor bilheteria, mas que se destacam em festivais prestigiosos mundo afora. O limite de 3 milhões de reais, no primeiro caso, passa para 6 milhões de reais; no segundo, sobe de 2 milhões de reais para 3 milhões de reais.
“O que demora dois anos vai sair em nove meses. E a gente vai ter a possibilidade de ter filmes de 15 milhões de dólares. A Forma da Água (Oscar do melhor filme) custou 19 milhões de dólares”, exemplifica Oliveira.
Nos editais em que as produções já têm distribuidor acertado, cai a necessidade da análise do mérito do projeto. Com isso, a expectativa é de que a avaliação termine em cinco meses, e não mais em doze. O porcentual de participação a ser devolvido ao FSA será reduzido.
Os valores são ainda os disponíveis para 2017. Agilizando o fundo, espera-se que o valor passe a ser executado por complexo todo ano. “Encontramos 1,5 bilhão de reais no fundo. Os recursos não vinham sendo utilizados na sua totalidade pelo excesso de burocracia”, disse o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Mesmo cautelosos, produtores ouvidos pela reportagem, que há anos requerem a aceleração dos processos, se mostraram otimistas. “O tempo de resposta é o principal gargalo, toda a indústria depende disso”, pontua Marcelo Guerra, da Migdal Filmes. “Só dinheiro não resolve. Precisamos que os prazos sejam cumpridos, para que os cronogramas sejam seguidos. A burocracia é a mãe de todos os problemas”, considera Vania Catani, da Bananeira Filmes.
“A revisão do porcentual que volta para o fundo é importante. A nossa margem de manobra é muito pequena”, aponta Bianca De Felippes, da Gávea Filmes, que ainda aguarda recursos para Eduardo e Mônica, filme inscrito em 2015 e aprovado em 2016.