Gabriel Leone, sobre a série ‘Dom’: “Queremos tocar as famílias”
Protagonista do seriado de língua não inglesa mais visto da Amazon Prime Video, o ator carioca fala sobre a experiência de gravar uma história real
Um personagem de classe média que se vicia em cocaína e se torna criminoso corria risco de ser glamorizado na ficção. A série conseguiu evitar isso? O Pedro é retratado em toda sua humanidade, com seus defeitos, problemas e questões. Cria-se uma empatia, que não significa passar a mão na cabeça dele, mas entendê-lo em toda a sua complexidade.
Você chegou a conhecer os lugares e as pessoas da trajetória dele? Filmamos em ordem cronológica, em mais de 200 locações, no Brasil e no Uruguai. Algumas foram realmente frequentadas pelo Pedro, o que tornou tudo mais real e intenso. Conversei com uma mulher que teve a casa assaltada por ele e a impressão que ficou foi de ser uma pessoa muito educada. Um dos maiores desafios foi retratar o Rio de Janeiro nas décadas de 70 e 90. A cidade está completamente transformada.
O que dá para adiantar da segunda temporada? Não esperem uma série sobre violência. O tema central continua a ser as relações humanas, sobretudo a paternidade. Por mais que a maioria das cenas mostre as brigas entre pai e filho, eles tinham um amor muito forte um pelo outro. Queremos tocar as famílias que passam por situações semelhantes.
Dom aborda questões relacionadas à política contra drogas e à segurança pública no Rio de Janeiro. Houve algum avanço? O roteiro conta toda a história da chegada da cocaína ao Rio de Janeiro e a transformação da cidade a partir disso. Infelizmente, acho que a situação só piorou. Continuamos sem políticas públicas eficientes e a guerra às drogas é cada vez mais devastadora.
Você agora está gravando Um Lugar ao Sol, a próxima novela das 9 da Globo. Sente muita diferença entre novelas e séries? As séries estão mais próximas do cinema, com uma atuação mais trabalhada, enquanto as novelas são um aprendizado em termos de velocidade, ritmo e volume de textos. Brinco que é como se, nelas, a gente fizesse um filme por semana. Mas adoro pensar que aquela cena que gravei será vista por milhões de brasileiros ao mesmo tempo.
O que mais vem por aí? Fiquei praticamente um ano afastado das gravações por causa da quarentena, mas tinha muita coisa pronta. Faço parte do elenco de cinco filmes que ainda não estrearam. Estou ansioso por seus lançamentos.
Publicado em VEJA de 21 de julho de 2021, edição nº 2747