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Grandiosa, mostra sobre Portinari conduz o público para dentro de sua obra

‘Portinari Para Todos’, em cartaz no MIS Experience, usa a tecnologia para transportar os visitantes pela visão de mundo do artista

Por Marcelo Canquerino 6 mar 2022, 15h37
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  • Quando a Semana de Arte Moderna causou furor entre a elite paulistana em fevereiro de 1922, Candido Portinari (1903-1962) tinha apenas 18 anos. Mais tarde, o jovem de Brodowski, interior de São Paulo, se tornou um dos grandes representantes do movimento ao observar de forma emotiva e envolvente o Brasil, seu povo, sua cultura e suas mazelas. Parte das comemorações do centenário da semana modernista este ano, o MIS Experience abriu neste sábado, 5, a exposição Portinari Para Todos na capital paulista. Fruto de décadas de documentação e pesquisa, a mostra traz as obras do pintor em uma experiência imersiva através de recursos tecnológicos e interativos. “Queríamos que as pessoas não apenas olhassem os quadros de Portinari, mas sim que elas se sentissem dentro das obras”, disse o curador da exposição, Marcello Dantas, durante a cerimônia de abertura, que também contou com a presença do filho do pintor, João Candido Portinari, e do governador de São Paulo, João Doria. 

    Em entrevista a VEJA, Dantas contou que o desejo de fazer uma exposição deste porte, como já são feitas com artistas estrangeiros pela Europa, por exemplo, é antiga, mas só foi possível agora graças a evolução da tecnologia em termos de escala e resolução. “Portinari sempre quis ser popular e retratar o Brasil. Várias exposições sobre ele já foram feitas, a grande questão desta mostra é sobre como visitamos Portinari com um olhar contemporâneo e com essas técnicas novas que nos permitem enxergar coisas que não tinha como ver antes.”

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    Entrada da Mostra imersiva ‘Portinari Para Todos’. (Marcelo Canquerino/VEJA)

    Ao entrar na exposição, os visitantes são convidados à essa imersão nas obras e na vida de Portinari — imersão esta que, a cada seção, fica mais tecnológica e interativa. O primeiro espaço é um mergulho íntimo na trajetória do pintor, com a exibição de alguns de seus famosos retratos, entre eles o clássico Mestiço (1934), além de materiais de seu ateliê, como tubos de tinta e pincéis. Em seguida, o público fica cara a cara com Maria Martinelli (1912-2006), esposa de Portinari, que ganha vida e movimento através da tecnologia: pinturas e fotos de Maria foram animadas e usadas como vídeos para narrar as memórias que ela guarda do marido. A medida que a exposição avança, as instalações vão ficando cada vez mais interativas: é possível pintar um grande telão para revelar quadros como Descobrimento (1951) e montar quebra-cabeças com imagens de grandes amigos de Portinari, de Carlos Drummond de Andrade a Jorge Amado. 

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    ‘Criança Morta’ (1944), obra de Portinari na exposição imersiva ‘Portinari Para Todos’, do MIS Experience. (Marcelo Canquerino/VEJA)

    Em termos de imersão, a mostra atinge o auge em seu segundo espaço, chamado Portinari Imenso — adjetivo certeiro para a dimensão que o trabalho do pintor ganha. Cercada de várias telas monumentais, as pinturas de Portinari explodem em movimentos e cores transportando os visitantes para dentro dos quadros. Dividida em três momentos, a exibição passeia por temas recorrentes nos pincéis do artista: a infância, a arte sacra e o povo brasileiro. Obras como Meninos Soltando Pipas (1941), Jesus Carrega a Cruz às Costas, Passo II da Via Sacra (sem data) e as famosas Retirantes (1944) e Lavrador de Café (1934) ganham contornos grandiosos ao redor do salão. A experiência imersiva vai além do visual e torna-se sinestésica com a presença de grãos e sacas de café no local, conferindo aroma que remonta às lavouras cafeeiras retratadas por ele; além de músicas instrumentais que guiam a viagem. A Imersão Portinari acaba com o emblemático painel Guerra e Paz, feito por ele para a Organização das Nações Unidas entre 1952 e 1956, que transforma rabiscos em preto e branco em esperança cheia de cor. 

    O terceiro e último espaço é dedicado à contextualização do trabalho de Portinari e exploração da relação de seu acervo com a cultura e a história do Brasil. O fio condutor da sala é o Projeto Portinari, criado pelo filho do pintor, João Cândido Portinari, em 1979, que reúne uma base de dados com mais de mil textos, fotografias, registros jornalísticos e, claro, mais de 5.400 obras do artista. Esta parte da exposição, responsável por mostrar a importância de se preservar a memória de Portinari, possui computadores para que os visitantes possam aprofundar suas pesquisas sobre a vida e obra do artista. 

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    Parte interativa da Mostra ‘Portinari Para Todos’. (Marcelo Canquerino/VEJA)
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    Exposição tem espaço de pesquisa para o público conhecer mais das obras de Candido Portinari. (Marcelo Canquerino/VEJA)

    Segunda mostra imersiva realizada pelo MIS Experience, Portinari Para Todos dá à obra do artista plástico o tamanho que ela pede. A tecnologia transforma-se em aliada para revisitar e manter vivo o legado de Portinari, chamando atenção principalmente da nova geração para a atualidade de suas pinturas que, de certa forma, representam o Brasil e o mundo. A exposição ficará em cartaz até 10 de julho. 

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    Local: Rua Vladimir Herzog, 75, Água Branca, São Paulo-SP
    Visitação: de terça a sexta-feira e domingo, das 10h às 17h; e aos sábados e feriados, das 10h às 18h
    Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia) de quarta a sexta-feira; R$ 45 (inteira) e R$22,50 (meia) aos sábados, domingos e feriados; terça-feira a entrada é gratuita (retirada na bilheteria – sujeito a lotação).

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