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“Há uma conexão entre Eva Perón e Anitta hoje”, diz estrela de ‘Evita’

Em entrevista a VEJA, atriz Myra Ruiz falou sobre sua carreira no teatro musical e como foi dar vida à ex-primeira dama da Argentina em peça ao ar livre

Por Marcelo Canquerino 30 ago 2022, 10h00

Como muitas adolescentes, Myra Ruiz adorava fazer performances no banheiro ao som de Britney Spears e Avril Lavigne. Mas o que realmente marcou esse período de sua vida foram as cantorias ao som da trilha sonora do musical Chicago: em tenra idade, ela já cantava todas músicas e fazia a voz dos variados personagens. Hoje aos 29 anos, a atriz, cantora e dançarina – figura carimbada do teatro musical no Brasil – enfrentou um dos maiores desafios de sua carreira: dar vida a figura de Eva Perón no musical Evita Open Air, que encerrou sua temporada no Parque Villa-Lobos no domingo, 28. O espetáculo, criado pelos britânicos Tim Rice e Andrew Lloyd Webber, foi montado com uma megaestrutura ao ar livre e narra a trajetória da ex-primeira dama da Argentina — figura polêmica e emblemática que resiste na memória do povo argentino até os dias de hoje. Em entrevista a VEJA, Myra Ruiz, que já protagonizou grandes peças como Wicked Rent, fala sobre sua carreira no teatro musical e sua relação com a figura de Eva Perón. Confira:

Como foi seu primeiro contato com o universo dos musicais? Eu fazia balé e dançava quando criança. Um dia, no final do ano na escola, em vez de montarem balé de repertório, resolveram fazer um musical, que foi Mary Poppins. Foi aí que pela primeira vez estive em cena fazendo um musical – e me apaixonei totalmente. Além disso, minha mãe sempre mostrou para mim filmes musicais, como GreaseHairChicago, que eu devorei e dos quais sei as falas de cor. Quando pisei no palco para estrear em um musical, eu sempre brinco que encontrei Jesus, porque eu me apaixonei muito por esse universo.

Quais são suas principais inspirações no universo do teatro musical? Sou muito nostálgica e respeito demais os mais velhos. Há vários artistas jovens em que eu me espelho e acho que são parecidos comigo, mas tenho grande admiração por quem está ralando no mercado há muitos anos e tem experiência. No Brasil, tem atrizes como a Stella Maria Rodrigues e a Totia Meireles, que sabem e respeitam o ofício que é ser ator. E na Broadway tem a Patti LuPone e a Audra McDonald. Todas têm em comum o fato de mostrarem que ser atriz exige dedicação para o resto da vida. Não é sobre o glamour, o status ou ser famoso. É sobre a missão da arte, e elas têm isso muito claro.

Como foi para você reconstruir Eva Perón, a ex-primeira dama da Argentina que se tornou tão emblemática para a história do país? Foi interessante porque em nenhum momento precisei fazer uma cópia da Eva Perón. A vida dela já foi contada 1 milhão de vezes. Falamos muito mais sobre os temas que essa história levanta. Eu senti desde o início uma conexão muito forte com ela como mulher, apesar de toda a história política dela, do que é certo e errado. Me relacionei com tudo que ela viveu navegando em um mundo dominado por homens. Querendo ou não, anos depois eu também passo por coisas parecidas. Por exemplo, quando fui escolhida para viver Evita fiquei sabendo de boatos de que eu comprei o papel, ou que consegui porque me relacionei com uma pessoa que me deu oportunidade. Isso é muito machista. Ninguém questiona as conquistas dos homens dessa forma. Até falo que de certa forma há uma conexão entre a Evita e a Anitta hoje em dia, porque todo mundo cai matando em cima da Anitta por tudo que ela faz. Cada atitude dela é muito julgada. Faz parte de ser famoso, mas por você ser mulher isso acaba sendo feito com mais maldade e moralismo.

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Myra Ruiz caracterizada como Eva Perón para o musical Evita Open Air – (Jairo Goldflus/Divulgação)

O espetáculo é repleto de números enérgicos que combinam dança e música. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou nos ensaios e nas apresentações? Tanto nos ensaios quanto na temporada, eu sinto que estou há 4 meses em uma constante de “não vai dar, hoje que não vou ter voz e meu corpo vai parar”. É o maior desafio que eu já vivi, porque cada dia surge um desafio diferente por ser ao ar livre. Hoje são 9 °C, outro dia é uma ventania, no outro são 27 °C, e eu quase desmaio por estar muito quente, a voz muito cansada, dores musculares. O processo tirou tudo de mim como artista, mas ao mesmo tempo é tudo que eu quero na vida. Exigiu muito da minha saúde e do meu psicológico, mas estou feliz.

A figura de Evita ainda é atual? Sim. Para mim a figura que ela representa é sobre a capacidade e força que a mulher pode ter. Tem todos os temas políticos também que são atuais e nós discutimos isso na peça, como populismo e o direito do povo. Mas como mulher, o que grita mais forte para mim, é a potência feminina para seguir (apesar já termos avançado muito) quebrando barreiras que ainda são impostas porque a sociedade ainda é patriarcal.

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