Sem uma fala em seu roteiro e totalmente desenhado em 2D, A Tartaruga Vermelha (La Tortue Rouge/ França, Bélgica e Japão/ 2016) faz um retrato delicado de temas humanistas, como a solidão e o amor, além de pincelar uma mensagem ecológica sem cair nos clichês do assunto. Do diretor holandês Michael Dudok de Wit ao lado do estúdio Ghibli, do aclamado Hayao Miyazaki, o filme começa quando um homem náufrago aporta em uma ilha deserta. Desespero, fome, cansaço e desilusão são contornados através das simples feições da animação, da paleta de cores da fotografia e de sons muito bem posicionados. As tentativas de fuga do protagonista são frustradas. Mas uma, em especial, marca seu ódio, quando uma gigantesca tartaruga vermelha destrói sua jangada. Ela parece não querer que ele vá. Irritado, o homem se vinga do animal que, de forma mágica ou simbólica, se transforma em uma bela mulher ruiva. Os dois se tornam parceiros e amantes em uma trama que continua a surpreender até a última cena.