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IMPERDÍVEL: ‘Manchester À Beira-Mar’ e a inconveniência do luto

Entre os favoritos ao Oscar, o filme narra a história de uma família que encara o peso e as consequências das perdas

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jan 2017, 07h00 - Publicado em 21 jan 2017, 07h00
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  • É doloroso e instigante observar o olhar vago de Lee Chandler (vivido por Casey Affleck) no filme Manchester À Beira-Mar. Pouco se sabe do personagem nos primeiro minutos da produção. Mas é claro que algo aconteceu. O cineasta Kenneth Lonergan começa com momentos de alegria do personagem, em um barco com o irmão e o sobrinho criança, que escuta as lorotas dos adultos sobre tubarões e problemas imaginários. Em seguida, Chandler tem outra feição e trabalha como faz-tudo de um condomínio de baixa renda em Boston.

    Quase que descolado da realidade, Chandler manifesta emoções – de forma estranha — quando recebe uma ligação avisando que seu irmão mais velho morreu. Ele entra no carro e dirige por mais de uma hora até a pequena e fria cidade que dá título ao longa. Lá ele descobre que o irmão lhe deixou como tutor do sobrinho adolescente. A tarefa é imposta como uma lei, com um testamento detalhado e finanças organizadas para o retorno do filho pródigo ao lar. Chandler recua. Não quer voltar e tem motivos para isso.

    A boa atuação de Affleck na produção lhe garantiu o Globo de Ouro em filme dramático este ano e pode ainda render uma estatueta no Oscar. A trama simples é repleta de nuances, e Affleck dança por elas com movimentos suaves e concentrados. A boa edição e direção fazem com que o peso do luto não seja tão sentido quanto poderia ser. A morte é inconveniente, seja ela esperada ou surpreendentemente trágica. O diretor sabe disso e não força o público a chorar de forma apelativa. Pelo contrário, Lonergan consegue encontrar, de forma singela, situações para rir em seu belo roteiro.

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