O Instituto Moreira Salles (IMS) do Rio de Janeiro cancelou o evento Oficina Irritada (Poetas Falam), que aconteceria entre os dias 7 e 9 de maio, após receber críticas nas redes sociais. A oficina, que, segundo a organização, reuniria nomes da poesia contemporânea brasileira de “diferentes gerações” e “percursos diversos”, contava com dezoito convidados, nenhum deles negro.
O anúncio sobre o cancelamento foi feito na página oficial da instituição no Facebook. Na publicação, o IMS afirma que “tem um compromisso inequívoco com a diversidade, da constituição de seu acervo às atividades que promove” e que, por esse motivo, decidiram levar em conta as críticas direcionadas ao evento. “Ainda que a veemência das redes nem sempre favoreça conversas produtivas, reconhecemos a importância desta discussão, razão pela qual decidimos cancelar a realização do evento.”
As reclamações não vieram apenas do público, mas também de autores da cena literária atual. “Os espaços privilegiados seguem cometendo erros em não abrir esse cânone engessado”, publicou o escritor Jeferson Tenório em sua página no Facebook. Após o anúncio do IMS, ele voltou a se pronunciar, afirmando que o cancelamento “não acaba com a discussão que, aliás, precisa ser feita inclusive pelo próprio IMS”, escreveu. “Tudo isso é muito triste porque a poesia já tem tão pouco espaço dentro dessa estrutura social, e o cancelamento de atividades como essas não contribui em nada.”
No sábado 20 a poeta Angélica Freitas, uma das convidadas, também havia se pronunciado. Em sua página na rede social, ela escreveu que “artistas precisam começar a questionar as curadorias e sua representatividade”, e completou: “Se você não usa o poder que tem – mesmo que seja pouco – esse poder vai ser usado contra você, invariavelmente”.