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J. Borges, um dos mais importantes xilogravuristas do Brasil, morre aos 88 anos

Artista havia sido declarado Patrimônio Vivo de Pernambuco e tinha como admiradores José Saramago e Eduardo Galeano

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 jul 2024, 10h18
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  • José Francisco Borges, o J. Borges, xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano, morreu nesta sexta-feira, 26, aos 88 anos, em Bezerros, cidade no Agreste do estado. O artista, nascido e criado na cidade, onde mantinha seu ateliê, foi um mestre na arte da xilogravura e com suas obras retratou a cultura popular brasileira, especialmente a nordestina. De pouco estudo, J. Borges foi um autodidata, carpinteiro na infância, que desenvolveu técnicas de trabalho em madeira que o fizeram famoso em todo o mundo.

    As obras de J. Borges foram expostas em museus como o do Louvre, na França, além de outros países, como Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba. Em Pernambuco, o artista havia ganhado o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, além da Comenda da Ordem do Mérito Cultural e o Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural.

    Os trabalhos de J. Borges também eram admirados por grandes escritores, como Ariano Suassuana, de quem era amigo, o português e prêmio Nobel de literatura, José Saramago, cujo livro O Lagarto foi ilustrado por ele. Borges também fez a ilustração de capa de alguns livros do escritor uruguaio Eduardo Galeano.

    A arte de J. Borges era talhada diretamente na madeira, sem esboços ou rascunhos, que depois eram transpostas para o papel para ilustrar a literatura de cordel. Com o tempo, os trabalhos ganharam notoriedade e eram vendidos como quadros que retratavam a cultura local. Uma dessas obras, com o desenho de Jesus, Maria e José, a Sagrada Família, foi presenteada pelo presidente Lula ao Papa Francisco, em junho de 2023.

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    Em seu ateliê, em Bezerros, havia pintado na parede o Monstro do Sertão, um de seus desenhos mais cônicos, que era um animal com cabeça de sol que castigava o interior do estado. O frevo, figuras religiosas, Lampião e Maria Bonita e a fauna e a flora do nordeste eram frequentemente retratadas em suas obras.

    Entrada do ateliê do artista J. Borges, em Bezerros, no agreste de Pernambuco (07/02/2016)
    Entrada do ateliê do artista J. Borges, em Bezerros, no agreste de Pernambuco (07/02/2016) (Felipe Branco Cruz/VEJA)

     

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