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Kanye West e seu novo disco: maluco, provocador ou mestre do marketing?

'Donda', novo disco do rapper, chegou às plataformas após sucessivos atrasos — e contra a vontade do rapper que, enquanto isso, lucrava com audições pagas

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 ago 2021, 14h47 - Publicado em 30 ago 2021, 10h27

Lançamentos de novos álbuns musicais costumam acontecer cercados de ansiedade. Quando a data marcada chega, há uma corrida aos serviços de streaming para ouvir a novidade logo. Raramente o disco não sai no dia previsto, mas, quando isso acontece, as rede sociais (sempre elas!) se tornam palco para lamúrias, críticas e frustrações. Atrasar o lançamento de um disco, algo que aconteceu com certa frequência durante a pandemia, é um péssimo negócio para o artista. Exceto se você for o Kanye West — ou melhor, Ye, como ele quer ser chamado. O performático rapper — e aspirante frustrado à presidência dos Estados Unidos — marcou diversas vezes a data de lançamento de seu novo disco, Donda, e não cumpriu a promessa nenhuma vez. Neste último domingo, 29, porém, tudo mudou: Donda chegou às plataformas de streaming com suas 27 faixas. Mas, quem diria, Kanye não ficou feliz. O rapper foi às redes sociais dizer que a gravadora Universal divulgou o disco sem sua permissão, e ainda limou a canção Jail pt 2 — faixa com a participação de Marilyn Manson e DaBaby: o primeiro enfrenta na Justiça processos de violência contra mulheres; o segundo, recentemente, foi acusado de homofobia.

O que parece ser a típica instabilidade do artista ou seu dito perfeccionismo, no fundo, levanta a questão: Kanye é um  maluco, um provocador ou nada mais que um mestre do marketing? A última opção ganha força já que os constantes atrasos se revelaram uma maneira do rapper lucrar um bocado. 

Desde que atrasou pela primeira vez o lançamento, em 23 de julho, Kanye promoveu três eventos de audições coletivas em estádios americanos. Ele, aliás, anunciou que se mudara para um estádio, com o intuito de terminar o álbum. A primeira audição coletiva ocorreu em Atlanta, para 42.000 pessoas, com ingressos vendidos entre 25 e 100 dólares, rendendo, segundo a revista Billboard, cerca de 1,5 milhão a 2,7 milhões de dólares. O direito de transmissão das audições nos estádios foi adquirido pela Apple Music, que pagou alguns milhões (a cifra não foi divulgada) para exibi-los. 

Não bastasse, Kanye lançou um aparelhinho chamado Donda Stem Player pela bagatela de 200 dólares (1.050 reais). O dispositivo permite que o fã personalize as músicas do rapper em tempo real, controlando os vocais, a bateria, o baixo e os samples. A piada que circula nas redes sociais diz que West não conseguiu decidir como sua música iria ficar, então, deixou essa decisão para os fãs. 

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O título do disco é uma homenagem de Kanye à mãe, Donda, que morreu em 2007. Algumas faixas, inclusive, trazem a voz dela. Porém, a mãe se revela uma coadjuvante do próprio filho — já amplamente conhecido por seus rompantes de egocentrismo. As obsessões do rapper estão todas ali: a ex-esposa, Kim Kardashian; a constante ideia de ser perseguido; e Jesus Cristo, que pauta boa parte das canções desde que o artista se rendeu ao cristianismo. Goste-se ou não, Kanye sabe fazer barulho — e o disco se torna apenas um detalhe em seu bem-sucedido circo para chamar atenção.

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