Escritos por Ian Fleming (1908-1964), os livros de James Bond serão reeditados para remoção de referências raciais ofensivas contra negros. Termos como a palavra “nigger” (“negão”, em tradução direta) e a representação de pessoas negras de forma negativa foram utilizadas em escritas datadas entre as décadas de 1950 e 1960, e agora vão ser retiradas das novas publicações do 007, previstas para saírem em abril. A Ian Fleming Publications Ltd, detentora dos direitos de seu trabalho, encomendou uma revisão de leitores sensíveis da saga de sucesso, que completa 70 anos do lançamento do primeiro livro, Cassino Royale. Apesar disso, expressões ofensivas contra asiáticos e mulheres vão permanecer nas obras.
Segundo o The Telegraph, as revisões incluem principalmente o livro Live and Let Die, em que criminosos africanos em potencial são descritos por Bond como “sujeitos bastante cumpridores da lei, eu deveria ter pensado, exceto quando bebem demais”. O trecho foi alterado para “sujeitos bastante cumpridores da lei, deveria ter pensado”. Entretanto, uma piada do detetive sobre a aparência de Oddjob, o capanga coreano do vilão Goldfinger, permanecerá. Assim como as referências “doce cheiro de estupro”, sobre mulheres bêbadas, “fazendo um trabalho de homem” e referências à homossexualidade como uma “deficiência teimosa” serão mantidas nos clássicos.
Há expectativa de que todos os novos livros venham com um aviso de alerta de que as obras foram escritas em uma época em que termos e atitudes que podem ser considerados ofensivos pelos leitores modernos eram comuns. “Uma série de atualizações foram feitas nesta edição, mantendo o mais próximo possível do texto original e do período em que está definido”, dirá o disclaimer.
Recentemente, foi divulgado que os livros de Roald Dahl (1916-1990) também estão sendo reescritos para remover linguagem considerada ofensiva. A palavra “gordo” será cortada de todos os livros. O personagem Augustus Gloop em A Fantástica Fábrica de Chocolate passará a ser descrito como “enorme”.