A autora canadense Margaret Atwood, 81 anos, autora do best-seller O Conto da Aia, vertido em série em The Handmaid’s Tale, escreveu oito poemas em homenagem às vítimas de feminicídio para o projeto intitulado de Songs for Murdered Sisters (Canções para as irmãs assassinadas, em tradução livre). Os textos nasceram de uma união da autora com o compositor Jake Heggie e o barítono canadense Joshua Hopkins, que musicaram as letras e lançaram, nesta sexta-feira 5, um álbum digital.
Em 2015, Hopkins perdeu a irmã, Nathalie Warmerdam, assassinada pelo ex-companheiro em um dos piores casos de violência doméstica da história canadense. O homem, Basil Borutski, foi condenado a prisão perpetua em 2017, pelo assassinato de outras duas mulheres – todas mortas no mesmo dia de Nathalie. “Eu me senti impotente para fazer qualquer coisa para ajudar minha irmã. Mas eu sabia que como cantor de ópera, eu tinha uma voz e poderia usá-la para contar a história da minha irmã e também para alertar sobre a epidemia global que é a violência contra as mulheres”, disse Joshua em entrevista ao jornal britânico The Guardian.
Margaret, que conhecia outras duas mulheres mortas por ex-parceiros, teve receios de participar do projeto de imediato, em razão da carga emotiva. Eventualmente, aceitou o desafio. “Fiz as ‘irmãs’ no plural porque elas são de fato – infelizmente – muito plurais. Irmãs, filhas, mães”, disse. Em um dos versos, ela escreve: “O que era minha irmã/ agora é uma cadeira vazia/ Ela não está/ Não está mais lá/ Ela agora é vazio/ Ela agora é o ar”.
O projeto Songs for Murdered Sisters recebeu o apoio da Houston Grand Opera e da National Arts Center Orchestra do Canadá. O álbum digital, na voz de Hopkins, será, por enquanto o fruto dessa parceria, enquanto não há expectativas de apresentações ao vivo e shows por causa da pandemia. Nas gravações, é possível ver atrás do cantor uma fotografia da irmã em um grande telão.