Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Memória: a arte do tamanho da vida

Em 2021, o Brasil e o mundo perderam figuras que — na TV, no cinema e em tantas áreas — ajudaram a traduzir os grandes dilemas de nosso tempo

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h34 - Publicado em 23 dez 2021, 06h00
Tarcísio Meira
Tarcísio Meira – (Paulo Vitale/Ed. Globo/Agência O Globo)

Tarcísio Meira
Ator
O genuíno incômodo de ter virado o maior de todos os galãs brasileiros levava Tarcísio Meira, ele e seu imenso sorriso, a buscar personagens avessos à imagem do sujeito boa-praça, galanteador e elegante. O maldoso Renato da novela Roda de Fogo, de 1986, era a antítese do bonitão e valente João Coragem, de Irmãos Coragem, de 1970. O Cristo Militar de A Idade da Terra, de Glauber Rocha, de 1980, também foi um modo de fugir do lugar-comum. A VEJA, em entrevista de 2019, ele já vislumbrava, com a modéstia dos grandes, o que representou para a dramaturgia no Brasil. “Ninguém gosta de pensar que o fim está chegando. Mas ele está chegando para mim. A essa altura da vida, muitos colegas da minha idade se foram. Daqui a pouco, vou eu. Talvez eu deixe um vazio nas pessoas.” Ele morreu aos 85 anos, em 12 de agosto, de Covid-19.

Eva Wilma
Eva Wilma – (João Caldas/.)

Eva Wilma
Atriz
Poucas atrizes foram tão versáteis na história da televisão e do cinema brasileiros. Não por acaso, quando se decidiu escolher a intérprete das personagens Ruth e Raquel, da primeira versão da novela Mulheres de Areia, de 1973, escrita por Ivani Ribeiro, o nome de Eva Vilma soou unânime. Não haveria ninguém melhor para levar ao ar, simultaneamente, a mocinha e a vilã. Ela ia do riso ao choro, da ternura à aspereza, com rara habilidade. Não por acaso, Alfred Hitchcock pensou nela para o filme Topázio, de 1969 — o papel ficaria com a alemã Karin Dor. Pouco antes de morrer, em uma peça on-­line, na quarentena imposta pela pandemia, ela disse uma frase que ecoará ainda por muito tempo: “Adeus é para quem deixa de sonhar”. Morreu em 15 de maio, em São Paulo, aos 87 anos, em decorrência de câncer no ovário.

Paulo José
Paulo José – (Alex Carvalho/TV Globo)

Paulo José
Ator e diretor
Em uma entrevista de Leila Diniz ao Pasquim, o mais conhecido jornal alternativo do país nos anos 1960 e 1970, um dos entrevistadores perguntou na lata: “Qual é o ator com quem você mais gosta de trabalhar?”. A resposta: “Paulo José. Essa é mole de responder”. Os dois tinham trabalhado juntos em Todas as Mulheres do Mundo, lançado em 1966. O ator gaúcho, de vozeirão imponente, gestos firmes e delicados ao mesmo tempo, era capaz de interpretar todos os personagens do mundo. Nenhum foi mais querido do que o mecânico Shazan, que fazia dupla com o Xerife interpretado por Flávio Migliaccio. Ele faria depois extraordinária carreira como diretor — foi um dos responsáveis pela minissérie Agosto, de 1993. Sofria havia anos de Parkinson. Morreu em 11 de agosto, aos 84 anos, no Rio.

LEIA MAIS+

+ Memória: Paulo Gustavo e outras despedidas na televisão
+ Memória: as despedidas na música em 2021
+ Amor rima com dor: morte de Marília Mendonça comoveu o país em 2021
+ Memória: as despedidas na arquitetura em 2021
+ Memória: a beleza de pensar com sinceridade
+ Memória: os políticos que despediram em 2021
+ Memória: Duda Mendonça e a invenção do marketing político
+ Memória: Lá no espaço e aqui na Terra
+ Memória: os grandes nomes do esporte que se despediram em 2021
+ Memória: os nomes que ajudaram a reinventar o mundo

Publicado em VEJA de 29 de dezembro de 2021, edição nº 2770

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.