Seu personagem em Justiça 2, Jayme, abusa da própria sobrinha, mostrando a face da agressão sexual no ambiente familiar. Como foi interpretar um homem tão perverso? Foi interessante por ser alguém tão distante de mim. Eu não conheço ninguém como o Jayme, então precisei superar minha ignorância em relação a um ser humano assim, que tem ausência de sentimentos. O texto da autora, Manuela Dias, é maravilhoso, e precisei ser criativo para dar uma profundidade maior para esse personagem. Foi muito gostoso, uma experiência nova.
Chegou a questionar sua própria masculinidade ao interpretar um abusador? Eu acho que vim de uma educação tão machista, preconceituosa e racista que realmente penso que já superei muita coisa. Tenho orgulho de dizer que meus filhos nasceram e foram criados sem viver isso. O Antonio (filho com Alessandra Negrini) tem 27 anos, e o Pietro (filho com Giovanna Antonelli), 18, e eu acredito que são homens e seres humanos muito melhores do que eu fui. Tento ser um cara melhor diariamente, é um aprendizado constante que eu tenho com eles.
Na sua visão como ator, por que produções que tratam de dilemas morais e sociais com realismo cru têm atraído o público? Creio que as pessoas gostam de histórias baseadas em fatos reais. A gente liga a TV e vê um caso absurdo acontecendo no Brasil ou em algum lugar do mundo diariamente, é muito familiar para nós.
O que pensa dessa onda de remakes de novelas? Eu acho maravilhoso. Fui o primeiro a falar que tínhamos de fazer remake de Vale Tudo, que é a melhor novela de toda a história da televisão brasileira, sou fã de refazer. Confesso que, quando regravamos Pantanal, achei que ia dar errado, porque era uma novela que tinha feito muito sucesso no passado. Mas hoje vejo que tem de fazer quando a história é boa.
Você mantém uma boa relação com suas ex-mulheres e atualmente namora a jornalista Cecilia Malan — o que atiça curiosidade na internet. Qual a razão de sua vida amorosa causar tanto fascínio? Não sei se causa fascínio, mas acho que o tempo é o grande senhor das coisas. Tive um divórcio litigioso com a Giovanna. E eu tenho certeza de que, quando estiver velhinho, ela vai me botar no sol e depois vai me tirar do sol. Nossos filhos merecem isso, ver os pais se gostando de uma forma diferente, mas com carinho, respeito, amor e diversão.
Publicado em VEJA de 10 de maio de 2024, edição nº 2892