Museu de Arte do Rio recusa ‘Queermuseu’ após fala de Crivella
Em comunicado oficial, conselho do MAR afirma que pedido pelo fim das negociações partiu da prefeitura da cidade
Por Da redação
Atualizado em 4 out 2017, 17h56 - Publicado em 3 out 2017, 20h09
O Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio (Conmar) decidiu nesta terça-feira que não receberá a mostra Queermuseuno Museu de Arte do Rio (MAR). A instituição divulgou uma nota oficial em que lamenta interromper as negociações da exposição, que foi fechada em Porto Alegre após manifestações contrárias de parte do público que leu nas obras associações à pedofilia e zoofilia. O calor em torno da polêmica levou o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, a dizer que seria fortemente contra a recepção da mostra na cidade. Em vídeo, o mandatário diz: “Só se for no fundo do mar. Por que no Museu de Arte do Rio, não”.
“Diante do exposto, lamentamos o modo como este debate tem sido inflamado por intensas polêmicas, que levaram a Prefeitura do Rio de Janeiro, por ser este um museu de sua rede municipal de equipamentos culturais, a solicitar a não realização de Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira no MAR”, diz a nota.
No texto, o conselho deixa claro que é favorável à realização da exposição, a partir do pressuposto de que o museu acredita “nos princípios da liberdade de expressão e das manifestações artísticas, no respeito à diversidade, no diálogo e na educação”.
CONMAR – Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio – MAR
Nota pública
O CONMAR, Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio – MAR, instituído pelo decreto 36.909 de 18 de março de 2013, e ratificado pelo decreto de 43615, de 11 de setembro de 2017, que tem como atribuições “estudar políticas públicas e propor diretrizes para a implantação das atividades desenvolvidas no MAR e em seu entorno” e “acompanhar e fomentar as estratégias de programação, atividades educacionais, aquisição e conservação de acervo, comunicação, sustentabilidade e operação inerentes ao MAR”, vem a público reafirmar, pelo conjunto de seus membros, sua mais profunda crença nos princípios da liberdade de expressão e das manifestações artísticas, no respeito à diversidade, no diálogo e na educação.
À luz desses valores, o Conselho Municipal do MAR é favorável à realização da exposição Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira, bem como a de qualquer outra atividade que contribua para o exercício da arte como fundamento de nosso processo civilizatório. O CONMAR entende também que qualquer iniciativa do Museu se realize em consonância com os cuidados éticos e jurídicos definidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pelo Ministério da Justiça e pela Constituição Brasileira; no caso, com classificação indicativa, sinalização com orientações efetivas sobre o teor das obras expostas e permanente mediação junto ao visitante, de forma a estabelecer relações com e entre as diversas perspectivas culturais e ideológicas de todos os seus públicos. Diante do exposto, lamentamos o modo como este debate tem sido inflamado por intensas polêmicas, que levaram a Prefeitura do Rio de Janeiro, por ser este um museu de sua rede municipal de equipamentos culturais, a solicitar a não realização de Queermuseu – cartografias da diferença na arte brasileira no MAR.
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O CONMAR, no entanto, recomenda que o Museu, cumprindo com sua função pública, promova, abrigue e amplie o debate e as reflexões em torno do papel da arte, das instituições e de toda a sociedade para a construção da diversidade e da produção de diálogos calcados na escuta e no respeito às diferenças.O CONMAR recomenda, por fim, que o Museu, a Secretaria Municipal de Cultura e demais instâncias próprias mantenham um diálogo constante, afim de que exposições dedicadas às questões pungentes do nosso tempo continuem a ser realizadas no Museu de Arte do Rio, em consonância com a sua missão de ser um espaço público “de todos, para todos”.
Rio de Janeiro, 3 de outubro de 2017
CONMAR – Conselho Municipal do Museu de Arte do Rio.
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