A música pop, como a conhecemos hoje, provavelmente seria outra sem a existência de Donna Summer. A cantora americana, considerada rainha da disco e da dance music, praticamente moldou esses gêneros musicais a partir da década de 70, quando se uniu aos produtores Georgio Moroder e Pete Bellotte, se tornando um sucesso mundial ao vender mais de 200 milhões de discos.
Seus hits I Feel Love, Hot Stuff, Bad Girls e No More Tears (Enough Is Enough) ferviam nas pistas de dança e estações de rádios daquela época dourada. Durante sua carreira, emplacou 32 singles no Hot 100 da Billboard, sendo que catorze deles chegaram ao top 10 e quatro ao primeiro lugar. Em 1978, ganhou um Oscar de melhor canção com Last Dance, escrita por Paul Jabara e da trilha do filme Até que Enfim É Sexta-Feira. Beyoncé, fã assumida, já falou publicamente quanto sua própria música foi inspirada em Donna Summer.
Sua morte aconteceu em 17 de maio de 2012, aos 63 anos, vítima de um câncer de pulmão. No entanto, deixou um legado musical incontestável que poderá ser relembrado no espetáculo Donna Summer Musical, que estreou em 5 de março no Teatro Santander, em São Paulo, e fica em cartaz até 3 de maio.
Com direção de Miguel Falabella, o musical de sucesso da Broadway faz um panorama da vida pessoal e artística de Donna Summer, interpretada por três atrizes e cantoras brasileiras. Jeniffer Nascimento, integrante do extinto grupo Girls e co-apresentadora do The Voice Brasil, vive a artista no auge da era disco, enquanto Karin Hils, conhecida por seu trabalho na girl group Rouge, faz a artista já madura e consagrada. A novata Amanda Souza ficou encarregada de viver a fase da Donna jovem.
“É uma honra e um privilégio poder homenagear essa artista tão incrível, uma diva no real sentido da palavra. Para mim, é um presente saber que fui cotada para contar essa história”, diz Karin Hils. A carioca, de 41 anos, confessa que sempre foi fã da cantora, mas não sabia de muitos detalhes de sua biografia. “Eu conhecia a grande maioria de suas músicas, pois são muitos hits, no entanto, não tinha o conhecimento de sua história”, afirma.
Para Jeniffer Nascimento, de 26 anos, esse é grande desafio de sua carreira. Mesmo já tendo estrelado outros musicais de peso, como Hairspray, Hair e Mamma Mia, ela revela: “Interpretar Donna Summer no início da carreira, no auge e quando tudo começa a desandar em volta de sua vida é uma responsabilidade muito grande. É um turbilhão de emoções”.
A chance de integrar o musical apareceu após uma performance realizada ao atuar em uma novela das 7 recém-exibida pela Globo. “Quando eu estava fazendo Verão 90, Jorge Fernando [diretor geral] colocou uma cena em que eu precisava cantar Last Dance. Então, a partir desse momento, comecei a saber mais sobre Donna Summer e virei fã. Hoje, no meu carro só toca músicas dela e canto todas. Estou vivendo a personagem 24 horas por dia”, diz Jeniffer.
Das três, a mais “desconhecida” é Amanda Souza, também de 26 anos. A paulista de São Caetano do Sul foi escolhida nas audições feitas para a personagem. Com formação em piano clássico, canto erudito e passagem pela Academia de Ópera do Theatro São Pedro, ela se encanta não apenas pela obra construída por Summer, mas também pela imagem e força que a cantora representava como pessoa.
“Ela era uma mulher corajosa, forte e que levantava a bandeira do feminismo. Uma mulher que sempre esteve à frente do seu tempo. Então, poder vivê-la no musical é um orgulho”, falou a jovem. Vale ressaltar que Donna quebrou barreiras: o videoclipe da canção She Works Hard for The Money foi o primeiro de uma mulher negra a ser reproduzido em grande escala na MTV americana.
“Donna Summer tinha um alcance vocal gigantesco. Essa é minha maior dificuldade em interpretá-la no palco”, afirma Amanda. “Também há a questão do rótulo ‘Queen of Disco’, que ela carregava. É uma responsabilidade enorme que estamos tendo”, diz, antes de revelar que seu primeiro contato com a obra da cantora foi por meio da versão de Beyoncé para Love to Love You Baby. Só depois Amanda se aprofundou em seu trabalho.
Mesmo com a experiência que tem, Jeniffer também pena para dar vida à rainha da disco. “Cantar, dançar e interpretar exige muito foco e preparo. No início, tinha dúvida se deveria imitá-la ou achar a minha versão da cantora. Depois que entramos em um consenso de que deveríamos ter a liberdade para criar a nossa ‘própria Donna’, fiquei aliviada”, relembra.