Estreou na manhã desta sexta-feira, 27, a mais nova aposta da Netflix. Trata-se da primeira, entre outras seis, produções do roteirista, diretor e produtor americano Ryan Murphy para a plataforma. Criador de séries de sucesso como Glee, American Horror Story, American Crime Story e Pose, ele fechou em 2018 um contrato com a gigante do streaming avaliado em 300 milhões de dólares – o maior acordo do gênero da história.
A série de oito episódios conta a história de Payton Hobart (Ben Platt), um jovem estudante rico de Santa Bárbara, Califórnia, que sabe desde os 7 anos de idade que, um dia, será o presidente dos Estados Unidos. Não é um desejo nem uma meta, e sim predestinação. Antes disso, porém, terá que navegar pelo cenário político mais traiçoeiro de todos: a Saint Sebastian High School.
O protagonista será interpretado pelo jovem mas já premiado ator de musicais Ben Platt. Aos 25 anos, ele já contabiliza um Tony Award de melhor ator na produção da Broadway Dear Evan Hansen e um Grammy de melhor álbum de teatro musical pela mesma peça. Mas, ao contrário de seu personagem, o ator afirma que não se envolve com política e não gosta do assunto.
“Agora não é o melhor momento para se estar por dentro da política americana. E eu, definitivamente, não me considero um apreciador da política ou tenho uma mente política”, diz Platt.
Dias antes de sua passagem pelo país para o lançamento da série, Platt concedeu uma entrevista a VEJA por telefone, na qual falou sobre atuar pela primeira vez em uma série para a Netflix, a parceria com Ryan Murphy e a personalidade enigmática de seu personagem. Confira:
Assim como Payton, seu personagem em The Politician, você se interessa por política?
Olha, agora não é o melhor momento para se estar por dentro da política americana. E eu, definitivamente, não me considero um apreciador da política ou tenho uma mente política. Mas na última década, em razão dos problemas por que estamos passando, o assunto virou obrigatório. Eu acredito em política de uma outra forma: no sentido de fazer o ser humano melhor. Tento seguir por esse caminho. Mas, em geral, acho o tema muito estressante e prefiro não me envolver.
Você então nunca se animaria em seguir a carreira política, como seu personagem?
Não. Eu gastei muito tempo da minha vida tentando descobrir como usar minhas emoções e como ser verdadeiro. A política força as pessoas a fazer o contrário. Elas se tornam mais sérias, céticas. Eu não poderia ser esse tipo de pessoa, nunca. Simplesmente não acho que eu consiga me divorciar das minhas ações, emoções e metas. Não sou o homem certo para este trabalho.
Seu personagem se sente predestinado a se tornar presidente dos Estados Unidos, e não mede esforços para conseguir chegar ao objetivo. No que diz respeito à determinação para subir na vida, há semelhanças entre você e ele?
Sim, tenho uma certa relação com ele. Quer dizer, Payton é um pouco egocêntrico, maníaco. E egoísta, além de ter muitos problemas com empatia e na hora de se conectar com outras pessoas. Eu às vezes sou muito afetado pelos outros e pelos seus sentimentos. Isso acaba comigo, e é exatamente por isso que eu não seria um bom político. Mas sou muito ambicioso, sim. Eu sempre quis ser ator, desde muito pequeno. Comecei a trabalhar nisso aos 8 anos. Sempre que me lanço num novo trabalho, eu traço metas, treino muito, tenho foco e sacrifico meu tempo para conseguir chegar ao meu objetivo. Mas o nível do Payton é muito distante do meu. Eu tenho uma ambição diferente, mais saudável.
Esta é a sua primeira série na Netflix, assim como é a primeira série escrita por Ryan Murphy para o streaming. Como foi essa experiência e como foi trabalhar com Ryan?
Na verdade, é a minha primeira série na vida. Eu fiz uma participação em um episódio de Will and Grace, mas essa é a minha primeira experiência sendo protagonista de uma série no streaming. É um novo e grande território o que me deixa com muito medo, mas também me deixa muito excitado. Em matéria de Estética e criatividade, eu e Ryan formamos um par realmente perfeito. Ele me assistiu em Nova York quando eu estava fazendo Dear Evan Hansen (Musical que o fez ganhar o Tony de melhor ator) na Broadway. E logo depois do show, ele veio até mim e me convidou para o trabalho. Eu não podia dizer não, sou um grande fã do trabalho dele. Todos os seus personagens têm uma inteligência e importância por trás. Ele tem uma forma especial e única de conduzir o ator, além de ser um grande mestre.
Uma grande parte das produções de Ryan Murphy, como você disse, apresentam personagens que parecem ser simples por fora, mas que por dentro são complexos e trazem temas que geralmente são tabus. O seu personagem, por exemplo é um garoto de ensino médio, normal, mas que representa toda a gama política dos Estados Unidos.
Eu acredito que seja mais do que isso. Além da política em si, ele tenta descobrir quem ele é em sua essência. Se ele é ou não uma boa pessoa, ele tem uma sexualidade fluída que é gostoso de ver ser construída com o decorrer dos episódios além de toda a relação com sua mãe, seu pai e seus irmãos, porque ele é adotado. Então ele sente uma certa rejeição, uma sensação de não pertencimento aquela família. Ele na verdade é um garoto pobre, que teve grandes oportunidades por ter sido adotado por uma família rica. Esses detalhes extraordinários é que fazem Ryan Murphy ser Ryan Murphy.