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Natalie Portman evita premiação em Israel por ‘não apoiar Netanyahu’

Cerimônia do 'Nobel judeu' foi cancelada após decisão da atriz, interpretada como uma reação à forma como país enfrenta os protestos de palestinos

Por AFP 21 abr 2018, 19h39

A atriz israelense-americana Natalie Portman justificou sua decisão de não ir a Israel para receber um prêmio ao afirmar que não quer ser associada ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que devia discursar na cerimônia.

A Genesis Prize Foundation anunciou na sexta-feira (21) o cancelamento da cerimônia, após ter sido informada por um representante da atriz de 36 anos, nascida em Jerusalém, que ela não viajaria ao país pelos acontecimentos recentes “extremadamente angustiantes” vinculados a Israel, que a impediam de “participar com a consciência livre” do evento, previsto para 28 de junho.

O prêmio, considerado o “Nobel judeu”, e que atribui dois milhões de dólares ao contemplado, reconhece o trabalho e a dedicação de uma personalidade para com a comunidade e os valores judaicos.

A decisão da atriz, que reivindica com orgulho sua dupla nacionalidade e sua origem judaica, foi interpretada como uma reação à forma como Israel tem enfrentado os protestos maciços de palestinos, que desde 30 de março resultaram na morte de 38 pessoas por disparos de soldados israelenses na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, bem como centenas de feridos.

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Organizações de defesa dos direitos humanos denunciam o uso excessivo da força por parte de Israel. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a União Europeia pediram uma investigação independente.

O anúncio de Portman provocou reações em Israel. A ministra da Cultura Miri Regev acusou a atriz de ter adotado a ideologia dos partidários do movimento Boicote, Desinvestimento, Sanções (BDS), que apoia o isolamento econômico de Israel para por fim à sua ocupação dos territórios palestinos. Em uma mensagem publicada em sua conta no Instagram, a atriz afirma que sua decisão tem sido “deturpada”.

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“Decidi não participar porque não queria aparecer apoiando Benjamin Netanyahu, que devia fazer um discurso na cerimônia”, escreveu Portman, ganhadora do Oscar de melhor atriz em 2010. “Como muitos israelenses e judeus do mundo, posso criticar a liderança israelense sem, por isso, boicotar o conjunto do país”.

“Israel foi criado há exatamente 70 anos para servir de refúgio aos sobreviventes do Holocausto”, lembrou Portman. “Mas os maus-tratos aos que hoje sofrem atrocidades não estão de acordo com meus valores judaicos”.

O Likud, partido a que pertence Netanyahu, reagiu neste sábado, denunciando “a hipocrisia” da atriz. Em um comunicado, o partido acusou Natalie Portman de “falar de direitos humanos, quando participa de festivais em países que censuram filmes e cujo respeito aos direitos humanos é muito inferior ao de Israel”.

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