Quando a pandemia estourou em março do ano passado, a indústria cinematográfica foi uma das primeiras a sofrer seus impactos: com salas fechadas, exibições limitadas e estreias adiadas, o setor amargou índices baixíssimos de bilheteria, o que resultou em prejuízos bilionários. Segundo levantamento da empresa de dados Comscore, feito a pedido de VEJA, ao longo de 2020, os cinemas brasileiros viram a arrecadação despencar 78% em relação ao ano anterior. No total, foram 646,3 milhões de reais arrecadados com 40,2 milhões de pagantes em 2020. Em 2019, o número de espectadores foi de 177,2 milhões, 76% maior, e a bilheteria atingiu 2,8 bilhões de reais.
Apesar disso, a queda nacional ainda foi percentualmente menor do que a registrada nos Estados Unidos, que teve a pior bilheteria dos últimos 40 anos, conforme divulgado pelo Hollywood Reporter. De acordo com o site, os cinemas americanos embolsaram 2,3 bilhões de dólares em 2020, 80% a menos do que os 42,5 bilhões de dólares no ano anterior. No mercado americano, o filme de maior renda foi a comédia Bad Boys para Sempre, lançada em janeiro, antes do fechamento dos cinemas, e protagonizada por Will Smith. Segundo o site o site Box Office Mojo, o longa abocanhou 426,5 milhões de dólares no mundo, mas ficou atrás do drama militar chinês The Eight Hundred, que lidera a bilheteria global do ano com 461,3 milhões de dólares.
Segundo dados da Comscore, estima-se que a renda global tenha atingido, no máximo, 12 bilhões de dólares, 70% a menos do que os 42,5 bilhões do ano anterior. Nesse cenário caótico, as forças da indústria se inverteram, e os prejuízos foram menores para aqueles que lidaram com a pandemia de maneira eficiente. A China, que instaurou lockdowns rigorosos e não passa dos 100 casos diários desde de março, arrecadou 2,7 bilhões de dólares e ultrapassou, pela primeira vez na história, a bilheteria americana, mesmo com uma queda de 70%. Já o Japão, que enfrenta uma nova onda de infecções desde novembro, perdeu 46% da sua arrecadação — um número bem menor se comparado à queda global. Segundo divulgado pela emissora americana NBC, entre agosto e dezembro, a Ásia e a Oceania foram responsáveis por 77,7% da bilheteria mundial — no apanhado do ano, a região aumentou em 10% sua contribuição no setor, de 41% em 2019 para 51% em 2020. Já na ponta oposta, Estados Unidos e Canadá reduziram a contribuição de 30% para 18%, enquanto a América Latina foi de 7,4% para 5%.