A apresentadora americana Oprah Winfrey tirou do ar uma entrevista que fez com o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus, depois de ele ser acusado de abuso sexual por dezenas de mulheres. A entrevista, gravada em 2012 em Abadiânia (GO), onde o médium realiza os atendimentos, não está mais disponível nem no site da apresentadora e nem em seu canal no YouTube.
As acusações de abuso sexual vieram à tona na madrugada do último sábado, 8, quando o programa da Globo Conversa com Bial levou ao ar entrevistas com quatro mulheres que afirmam terem sido vítimas do médium. Uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil de Goiás, criada para investigar as suspeitas contra João de Deus, recebeu quarenta denúncias em seu primeiro dia de trabalho, nesta segunda-feira.
Depois do surgimento das denúncias, uma campanha online iniciada por brasileiros pediam que Oprah tirasse do ar a entrevista com o médium. Um vídeo publicado no Facebook afirma que a apresentadora foi uma das responsáveis pelo reconhecimento internacional que João de Deus ganhou nos últimos anos e faz um apelo para que ela se posicione sobre o assunto.
Em seu site, Oprah falava sobre a visita que fez à Casa Dom Inácio de Loyola. Ela descrevia uma cirurgia espiritual feita pelo médium e se dizia emocionada com o que tinha visto. “Lágrimas de gratidão começaram a correr. Gratidão por toda a jornada da minha vida – não só o que tinha dado certo, mas também as coisas que tinham dado errado. Tive uma incrível sensação de paz.”
Uma entrevista que Oprah fez com o psicoterapeuta e escritor de autoajuda americano Wayne Dyer, que passou por uma cirurgia espiritual feita por João de Deus, ainda está disponível no canal da apresentadora, mas de modo não listado, ou seja, não é possível encontrá-lo em buscas e somente pessoas com o link têm acesso a ela.
Oprah, possivelmente a apresentadora mais famosa da TV americana, é uma contundente defensora dos direitos das mulheres. Ela foi uma das fundadoras do movimento Time’s Up, contra o assédio e o abuso sexual, que foi lançado após sucessivas denúncias no universo do entretenimento contra nomes como Harvey Weinstein, Kevin Spacey e Bryan Singer.
No Globo de Ouro, prêmio de cinema e TV que aconteceu em janeiro, ela usou seu discurso ao receber o prêmio honorário Cecil B. DeMille para falar de abuso sexual e racismo. “Não sofremos abuso só na indústria do entretenimento. É um problema que transcende local de trabalho, raça, cultura. Quero prestar um tributo às mulheres que suportaram anos de abuso e violência. Elas, como minha mãe, tinham contas para pagar, filhos para alimentar e sonhos para correr atrás. São mulheres com nomes que nunca saberemos. São trabalhadoras domésticas, profissionais de fazendas, fábricas, restaurantes, acadêmicas, militares”, disse.