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Os filmes que entraram em cartaz – e para a história — em 2017

De super-heróis a elegantes longas de baixo orçamento, o cinema viu produções ousadas este ano

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 17h39 - Publicado em 4 dez 2017, 10h37
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  • O ano de 2017 foi importante para as mulheres no cinema, e não apenas pela eclosão das denúncias de assédio. Em uma consolidação do protagonismo feminino, Mulher-Maravilha e A Bela e a Fera se transformaram em blockbusters, além de receber muitas críticas positivas. O Oscar também celebrou a diversidade ao premiar Moonlight, o primeiro longa de temática homoafetiva a ganhar o prêmio de melhor filme.

    De modo geral, os super-heróis continuaram a mostrar as caras, enquanto o Brasil viu duas produções interessantes, Bingo: O Rei das Manhãs e Como Nossos Pais, bastante elogiado no Festival de Berlim.

    Confira na lista abaixo os filmes que chegaram aos cinemas brasileiros em 2017 — e que fizeram história.

     

    Moonlight: Sob a Luz do Luar

    A confusão na entrega do Oscar de melhor filme em 2017 quase ofuscou os atributos do verdadeiro vencedor. Moonlight, contudo, é um longa difícil de ser esquecido. A produção de 2016, que só chegou ao Brasil em fevereiro do ano seguinte, fez história por ser o primeiro título com temática LGBT a vencer o prêmio máximo do cinema hollywoodiano. Outras particularidades marcaram o filme de Barry Jenkins. Filmada em 25 dias, com menos de 5 milhões de dólares, e um elenco totalmente composto por negros e latinos, a produção acompanha três fases da história de Chiron, um jovem da periferia de Miami que amadurece em um meio que não lhe permite ser quem ele quer ser. A produção recebeu oito indicações ao Oscar e conquistou três troféus. Além de melhor filme, venceu com roteiro adaptado e ator coadjuvante, para Mahershala Ali.

     

    La La Land: Cantando Estações

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    O musical arrebanhou aplausos no ano passado, enquanto era exibido em grandes festivais, como o de Veneza e o de Toronto. Chegou ao Oscar como favorito, com recorde de indicações— 14, igualando-se, no topo dos mais nomeados, a Titanic (1997) e A Malvada (1950). No Brasil, estreou em 2017 com a mesma pompa e circunstância. No fim, levou “apenas” seis estatuetas para casa e perdeu a principal, de melhor filme, mas fez história mesmo assim. Aos 32 anos, Damien Chazelle se tornou o cineasta mais jovem a levar o Oscar de direção. As belas cenas de Emma Watson e Ryan Gosling dançando por Los Angeles entraram para o repertório de referências da cultura pop, dando origem desde estampas de camisetas a posters decorativos. Sem falar na dificuldade de tirar a trilha sonora da mente dos espectadores.

     

    A Bela e a Fera

    Hollywood sofria com o velho receio — para não dizer preconceito — de protagonistas femininas não serem rentáveis. O ano de 2017 veio para provar o contrário. Vestida de princesa, a empoderada Emma Watson atualizou o conto de fadas A Bela e a Fera para uma nova geração e fez 1,2 bilhão de dólares em bilheteria. A superprodução da Disney foi, até o momento, o filme mais rentável no mundo neste ano, e ocupa atualmente a décima posição entre as maiores bilheterias da história. O roteiro manteve a trama da animação de 1991 intacta, ao narrar o sacrifício da filha que se entrega a uma fera para salvar o pai. Por fim, ela e o monstro se apaixonam, quebrando uma maldição.

     

    Logan

    Quando foi apresentado no Festival de Berlim, no início do ano, Logan fez barulho entre a crítica especializada. Um burburinho positivo: o filme foi uma agradável surpresa. Rumores dizem que a produção pode ganhar indicações ao Oscar inéditas para o gênero – que costuma aparecer apenas em categorias técnicas, como efeitos visuais e maquiagem. Hugh Jackman, em uma interpretação primorosa de um envelhecido Logan, pós-Wolverine, é uma das apostas da Fox para o prêmio. Em setembro, o estúdio foi o primeiro a distribuir cópias de um filme (Logan, no caso) para votantes da premiação. Oscar à parte, Logan merece seu lugar na história do cinema por remodelar o gênero com uma carga extra de drama e violência, que tiraram o título da prateleira “entretenimento leve de fim de semana”.

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    Corra!

    Ninguém esperava por Corra!, mas que bom que ele surgiu. Estreia na direção do ator e comediante Jordan Peele, o filme mistura suspense, terror e humor em um roteiro com uma ardilosa crítica contra o racismo. Na trama, Chris (Daniel Kaluuya) vai conhecer a família da namorada, Rose (Allison Williams). O rapaz fica apreensivo, já que é negro e Rose é branca. No local, ele é bem recebido. Mas percebe que algo não parece normal na residência, onde trabalham dois negros, uma doméstica e um zelador, ambos com comportamento esquisito. O longa por pouco não foi unanimidade entre a crítica mundial, fechando com 99% de resenhas positivas no site agregador Rotten Tomatoes. Ele também foi sucesso de bilheteria, embolsando 253 milhões de dólares, com orçamento de 4,5 milhões de dólares.

     

     

    Mulher-Maravilha

    Ela nasceu em 1941 nos quadrinhos, mas só em 2017 ganhou um filme para chamar de seu. E chegou chegando. Gal Gadot encarnou sem medo o papel da poderosa amazona da DC Comics. Já a diretora Patty Jenkins acertou a mão nas doses de humor, ação e drama, colheu elogios e primeiros lugares. Ela foi a primeira mulher a conduzir um longa com mais de 100 milhões de dólares de orçamento, se tornou a diretora com a maior bilheteria por um live-action e, com o acordo para Mulher-Maravilha 2, será a cineasta mais bem paga da indústria.  

     

    Okja

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    A separação entre o que é cinema e o que é TV ficou frágil com o nascimento de ousados sites de streaming, caso da Netflix, que tem produzido alguns bons filmes originais. Okja, de Joon-ho Bong, é o típico longa que festivais e premiações gostariam de exibir. Mas o Festival de Cannes deste ano, depois de uma forte polêmica, cravou: a partir de 2018, não receberá mais filmes que não sejam exibidos primeiramente no cinema. A animosidade digna do século XIX foi tanta que cineastas criticaram a Netflix e o logo da empresa chegou a ser vaiado durante a exibição da produção, com a ótima Tilda Swinton no elenco. A discussão promete se estender por alguns anos. O que não se discute é a qualidade e a força da produção, que acompanha a amizade entre uma garotinha e um porco geneticamente modificado, enquanto alfineta a indústria alimentícia.

     

     

    Bingo: O Rei das Manhãs

    Há tempos um filme nacional não era tão bem aceito pelo público e pela crítica. Bingo – O Rei das Manhãs foi inspirado na vida de Arlindo Barreto, um dos atores que interpretou o palhaço Bozo, ídolo infantil do SBT. A estética e cultura dos anos 1980 conduz o roteiro, que traz Vladimir Brichta na pele do protagonista e Daniel Rezende na direção. O longa foi tão elogiado no país que acabou indicado para disputar uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro do Oscar. Apesar de ainda não ter conquistado uma boa expressão nos Estados Unidos, Bingo foi elogiado por veículos como o The Hollywood Reporter.

     

    Blade Runner 2049

    O clássico cult Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982) ganhou sua primeira sequência, 35 anos depois. No roteiro, três décadas separam o ativo Rick Deckard (Harrison Ford) de sua versão aposentada. Ryan Gosling assume o protagonismo como o androide K, modelo totalmente obediente aos humanos. A estética apocalíptica e o mundo solitário criado por Ridley Scott se mantêm nas mãos de Denis Villeneuve, que assume a direção. Assim como seu antecessor, Blade Runner 2049 teve uma fraca bilheteria, mas sua qualidade foi reconhecida e tem potencial para ser lembrada no futuro.

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    Dunkirk

    Christopher Nolan foi um dos cineastas que criticou a Netflix após a controvérsia do filme Okja no Festival de Cannes. Para ele, longas dignos de cinema devem ser exibidos no cinema. Apesar do pensamento retrógrado, Nolan prova isso com sua arte. Pai de títulos como Interestelar, A Origem e da trilogia Batman: O Cavaleiro das Trevas, o diretor voltou a abusar de cenas grandiosas no longa de guerra Dunkirk. A trama reconstrói o episódio da Segunda Guerra Mundial em que cerca de 400.000 soldados ingleses ficam presos na cidade francesa de Dunquerque, encurralados contra as águas do Canal da Mancha pelos nazistas. Pelo título, Nolan deve conquistar algumas indicações ao Oscar

     

    Mãe!

    Darren Aronofsky (de Cisne Negro, Noé e Réquiem para um Sonho) não é um cineasta que agrada a todo mundo. Mas ele atingiu seu ápice ao polarizar os espectadores e a crítica com Mãe!. A produção protagonizada por Jennifer Lawrence ganhou aplausos e vaias, não foi bem em bilheteria, e passou longe de ganhar o Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde competia na seleção oficial. Mas ninguém pode negar que o filme é difícil de ser esquecido – tanto quanto de ser digerido. Há tempos nenhuma produção de cinema motivava tantas publicações em sites, blogs e redes sociais, que tentaram desvendar mistérios e explicar teorias. Raramente um filme causa tamanha comoção, entre amantes e haters. Logo, será difícil o cinema esquecer o comentado Mãe!.

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    Como Nossos Pais

    O belíssimo longa de Laís Bodanzky seria outro bom concorrente para tentar uma vaga no Oscar de Filme Estrangeiro. Antes, a produção com Maria Ribeiro e Clarisse Abujamra passou pelo Festival de Berlim, onde arrancou elogios da crítica internacional. A história acompanha as agruras de uma mulher que tenta desenvolver seus diversos papéis na sociedade, enquanto se vê sufocada pela mãe de um lado, pelo pai, pelo marido, pela meia-irmã e pelas duas filhas pré-adolescentes.

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