Os livros que inspiraram os filmes indicados ao Oscar 2022
Clássicos dominam lista de obras adaptadas para o cinema e nomeadas pela premiação de Hollywood
De um conto do aclamado autor japonês Haruki Murakami até o calhamaço de Duna, obra de Frank Herbert, são variados os livros adaptados para o cinema que este ano concorrem em categorias relevantes do Oscar. Confira abaixo:
Precursor de tramas como Star Wars, Matrix e até Game of Thrones, em que a ficção científica ou a fantasia se mesclam a conceitos filosóficos e religiosos, Duna, do americano Frank Herbert (1920-1986), foi lançado em 1965 e ganhou mais cinco sequências – fora os livros derivados que surgiriam depois da morte do autor. A trama se passa no futuro e acompanha os dilemas políticos de um império intergaláctico feudal. No Oscar deste ano, a adaptação do cineasta Denis Villeneuve concorre em dez categorias, entre elas a de melhor filme.
Mais uma criação ácida da literatura de Elena Ferrante, o romance de 2006 segue Leda, uma professora universitária que não esconde o alívio de estar sozinha agora que as filhas, crescidas, não dependem mais dela e vivem com o pai, no Canadá. De férias no sul da Itália, porém, ela lida com uma barulhenta família napolitana e passa a notar com afinco a rotina de Nina, uma jovem mãe que a lembra do passado. A adaptação concorre a três estatuetas do Oscar, de melhor roteiro adaptado, melhor atriz e atriz coadjuvante, para Olivia Colman e Jessie Buckley, respectivamente.
A produção da Netflix é líder de indicações ao Oscar deste ano, concorrendo em doze categorias, e favorito para levar o prêmio principal da noite de melhor filme. A trama sobre um caubói ardiloso que esconde da sociedade sua orientação sexual foi inspirada no livro The Power of the Dog, de Thomas Savage, publicado em 1967. A obra é semiautobiográfica, trazendo experiências do autor que era gay e filho de uma mulher que foi humilhada pela família do padrasto, em uma fazenda em Montana. Até o momento, o livro não possui uma tradução para o Brasil.
O livro O Beco das Ilusões Perdidas, que deu origem ao filme, foi lançado em 1946 pelo autor William Lindsay Gresham (1909-1962), um dos expoentes da literatura noir. Entusiasta dos mistérios da mente e da humanidade, que o levou a mergulhar na psicanálise e em estudos místicos, Gresham se dedicou a olhar para a natureza humana, especialmente o que há de pior nela. Assim como no filme, a obra acompanha um golpista que ilude pessoas por dinheiro.
Indicado em três categorias do Oscar, entre elas melhor ator para Denzel Washington, o filme dirigido por Joel Coen usa o texto original de William Shakespeare no qual o protagonista, Macbeth, trama um plano com sua esposa para assassinar o rei e tomar para si a coroa. O texto poético divaga sobre os pilares da sociedade, o perigo da ganância e o amor pelo poder.
Drive My Car
Uma das boas surpresas da categoria de melhor filme deste ano é o filme japonês Drive My Car, que soma quatro indicações à estatueta – e dificilmente sairá do prêmio sem o troféu de melhor filme internacional. Dirigido por Ryusuke Hamaguchi, a produção de 3 horas, curiosamente, se inspirou em míseras 40 páginas do conto de mesmo nome do aclamado autor japonês Haruki Murakami. No Brasil, o texto foi publicado no livro Homens Sem Mulheres, composto por sete contos do escritor. Na trama, um ator é conduzido por uma motorista mulher fora dos padrões que ele considera femininos.